Paulo Rodrigues, presidente da ASPP/PSP, lembra que “a polícia não tem condições para pôr agentes em cada bar ou discoteca”
A troca de tiros entre dois alegados grupos rivais que aconteceu na madrugada de ontem, pelas 06.20, a apenas 60 metros da porta da discoteca africana Luanda, em Alcântara (Lisboa), causou um morto e dois feridos. Mas a gravidade do que aconteceu na Travessa de Teixeira Júnior, no momento em que “300, 400 pessoas saíam da discoteca”, não vai ser suficiente para o clube vir a ter serviço remunerado da PSP.
Segundo conta o gerente do Luanda, José Gouveia, já houve um protocolo entre a associação de discotecas de Lisboa e a PSP, em 2011, que previa serviços remunerados da polícia à porta de vários estabelecimentos noturnos, incluindo esta discoteca africana. Mas durou pouco tempo. “Há muita desunião no meio. O protocolo entre a polícia e as discotecas falhou porque houve incumprimento dos empresários, que começaram a deixar de pagar os serviços remunerados à PSP”, recorda José Gouveia.
O incumprimento dos empresários teve uma resposta: a polícia deixou de fazer esses serviços. O gerente do Luanda garante que nada vai mudar por causa desta última situação. “A PSP não quer fazer esse serviço porque não é obrigatório.” A discussão sobre se devia ou não ser obrigatório é recorrente, lembra, “dado o número de pessoas que circulam nas áreas envolventes às discotecas e o facto de 70% dos problemas acontecerem à porta dos clubes”. José Gouveia apercebeu-se da rixa porque estava
Porta da discoteca Luanda a fechar o estabelecimento, às 6.00 da manhã, no escritório, e tinha o sistema de videovigilância ligado quando “viu dezenas de pessoas que estavam a abandonar a discoteca a correr de volta, para a porta de entrada”.
Cerca de 300 a 400 pessoas estavam a sair do Luanda quando se ouviram tiros na rua, a 60 metros da porta do clube africano. José Gouveia garante não conhecer os jovens envolvidos nos desacatos. “Não sabemos ao certo se já havia uma espera programada para ali.” O que o gerente sabe é que “a presença de um elemento policial à porta de qualquer espaço é dissuasora” e que os seus quatro seguranças privados “nunca poderiam agir no exterior da discoteca, enquanto um polícia pode”.
Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia, lembra que “a polícia não tem condições para pôr agentes em cada bar ou discoteca”. Os bares “podem ter segurança privada e videovigilância e deviam ser obrigados a ter o mínimo de segurança”. Mas quando acontecem situações como a de ontem junto ao Luanda “há logo uma preocupação da PSP em reforçar o policiamento na zona, mesmo o que não é visível, assegurado pelas brigadas de investigação criminal”. A esquadra do Calvário fica perto do clube.