Diário de Notícias

Alemanha nega dívidas à NATO referidas por presidente dos EUA

Relações. Ministra de Merkel refuta acusações de Trump. Juncker alerta para possível guerra comercial entre EUA e UE e Erdogan volta a acusar chanceler alemã de usar medidas nazis

- PATRÍCIA VIEGAS

Donald Trump ignorou o pedido da chanceler alemã para lhe dar um aperto de mão durante o encontro de sexta-feira na Sala Oval da Casa Branca, em Washington, noticiaram os vários media americanos e internacio­nais. Mas para o presidente americano essas são meras “notícias falsas”, como escreveu na sua conta do Twitter. “Eu tive um grande encontro com a chanceler alemã Angela Merkel”, garantiu um tweet de Trump datado deste sábado. Apesar disso, escreveu ainda o presidente, “a Alemanha deve grandes quantias de dinheiro à NATO e aos EUA, que devem ser pagas pela poderosa e dispendios­a defesa que é fornecida à Alemanha”.

Esta atitude de uma no cravo e outra na ferradura obrigou ontem o governo alemão a reagir. “Não há nenhuma conta em que estejam registadas dívidas à NATO”, afirmou a ministra da Defesa da Alemanha, Ursula von der Leyen, num comunicado de imprensa, acres- centando que as contribuiç­ões feitas para a NATO não devem ser o único critério para medir o esforço militar feito pela Alemanha. A despesa militar atual da Alemanha é de 1,2% do PIB e poucos países da NATO atingem os 2%.“Querer ligar os 2% que queremos atingir a meio da próxima década apenas à NATO é errado”, disse a ministra, sublinhand­o que as despesas destinam-se igualmente “às missões de paz no âmbito da ONU, às missões europeias e ao contributo para a luta contra o Estado Islâmico”.

A administra­ção Trump ameaçou reduzir a contribuiç­ão dos Estados Unidos para a Aliança Atlântica caso os países europeus não aumentem as suas contribuiç­ões também. O tema é delicado e pode afetar as relações transatlân­ticas. Tal como o tema do comércio internacio­nal. No sábado, os EUA pressionar­am o G20 a não incluir na declaração final da reunião dos ministros das Finanças a tradiciona­l condenação ao protecioni­smo económico e ao Acordo de Paris sobre o clima. Em entrevista ao Bild am Sonntag, o presidente da Comissão Europeia alertou para uma possível guerra comercial entre os EUA e a UE. “Essa guerra não é do interesse nem da Europa nem dos Estados Unidos”, disse Jean-Claude Juncker.

A par de Donald Trump, os europeus têm de lidar em simultâneo com Recep Tayyip Erdogan. A tensão entre a Turquia e os UE tem aumentado nas últimas semanas, nomeadamen­te depois de países como a Holanda e a Alemanha terem impedido políticos turcos de fazerem campanha juntos dos emigrantes turcos com vista ao referendo de 6 de abril. Este é sobre uma reforma constituci­onal que visa aumentar os poderes do presidente da Turquia. Erdogan e vários ministros turcos têm dirigido insultos e ameaças à UE, nomeadamen­te no sentido de romper o acordo de readmissão para travar migrantes e refugiados. “Quando lhes chamamos nazis, eles ficam desconfort­áveis. Reúnem-se em solidaried­ade. Especialme­nte, [Angela] Merkel”, afirmou ontem Erdogan num discurso televisivo, citado pela agência AFP.

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Chanceler alemã Angela Merkel e presidente Donald Trump na conferênci­a de imprensa de sexta-feira na Casa Branca

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