Alemanha nega dívidas à NATO referidas por presidente dos EUA
Relações. Ministra de Merkel refuta acusações de Trump. Juncker alerta para possível guerra comercial entre EUA e UE e Erdogan volta a acusar chanceler alemã de usar medidas nazis
Donald Trump ignorou o pedido da chanceler alemã para lhe dar um aperto de mão durante o encontro de sexta-feira na Sala Oval da Casa Branca, em Washington, noticiaram os vários media americanos e internacionais. Mas para o presidente americano essas são meras “notícias falsas”, como escreveu na sua conta do Twitter. “Eu tive um grande encontro com a chanceler alemã Angela Merkel”, garantiu um tweet de Trump datado deste sábado. Apesar disso, escreveu ainda o presidente, “a Alemanha deve grandes quantias de dinheiro à NATO e aos EUA, que devem ser pagas pela poderosa e dispendiosa defesa que é fornecida à Alemanha”.
Esta atitude de uma no cravo e outra na ferradura obrigou ontem o governo alemão a reagir. “Não há nenhuma conta em que estejam registadas dívidas à NATO”, afirmou a ministra da Defesa da Alemanha, Ursula von der Leyen, num comunicado de imprensa, acres- centando que as contribuições feitas para a NATO não devem ser o único critério para medir o esforço militar feito pela Alemanha. A despesa militar atual da Alemanha é de 1,2% do PIB e poucos países da NATO atingem os 2%.“Querer ligar os 2% que queremos atingir a meio da próxima década apenas à NATO é errado”, disse a ministra, sublinhando que as despesas destinam-se igualmente “às missões de paz no âmbito da ONU, às missões europeias e ao contributo para a luta contra o Estado Islâmico”.
A administração Trump ameaçou reduzir a contribuição dos Estados Unidos para a Aliança Atlântica caso os países europeus não aumentem as suas contribuições também. O tema é delicado e pode afetar as relações transatlânticas. Tal como o tema do comércio internacional. No sábado, os EUA pressionaram o G20 a não incluir na declaração final da reunião dos ministros das Finanças a tradicional condenação ao protecionismo económico e ao Acordo de Paris sobre o clima. Em entrevista ao Bild am Sonntag, o presidente da Comissão Europeia alertou para uma possível guerra comercial entre os EUA e a UE. “Essa guerra não é do interesse nem da Europa nem dos Estados Unidos”, disse Jean-Claude Juncker.
A par de Donald Trump, os europeus têm de lidar em simultâneo com Recep Tayyip Erdogan. A tensão entre a Turquia e os UE tem aumentado nas últimas semanas, nomeadamente depois de países como a Holanda e a Alemanha terem impedido políticos turcos de fazerem campanha juntos dos emigrantes turcos com vista ao referendo de 6 de abril. Este é sobre uma reforma constitucional que visa aumentar os poderes do presidente da Turquia. Erdogan e vários ministros turcos têm dirigido insultos e ameaças à UE, nomeadamente no sentido de romper o acordo de readmissão para travar migrantes e refugiados. “Quando lhes chamamos nazis, eles ficam desconfortáveis. Reúnem-se em solidariedade. Especialmente, [Angela] Merkel”, afirmou ontem Erdogan num discurso televisivo, citado pela agência AFP.