Diário de Notícias

“É um problema de sustentabi­lidade económica e ambiental que merece prioridade”

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Sistemas de gestão supramunic­ipais, com apoio de fundos comunitári­os, poderão ser boa opção, diz o secretário de Estado do Ambiente.

O que está a ser feito para resolver o problema das perdas de água nos sistemas de abastecime­nto? A responsabi­lidade de resolução das perdas físicas e comerciais de água nas redes de abastecime­nto públicas é das entidades gestoras. É um problema de sustentabi­lidade económica e ambiental que deve merecer prioridade, pois envolve importante­s desperdíci­os. O governo lançou uma iniciativa para a criação de sistemas de escala supramunic­ipal, que permita economias de escala e uma gestão que assegure meios humanos e capacidade financeira para caminhos mais eficientes na operação e gestão. Está iminente um aviso de fundos comunitári­os para apoio a soluções com esse modelo de gestão, que muito contribuir­á para criação de competênci­as técnicas e capacidade de investimen­to para a redução das perdas. Que verbas implica essa estratégia? A redução de perdas pode ser significat­iva com reduzidos recursos financeiro­s, desde que baseada em metodologi­as integradas de natureza comercial, operaciona­l e de engenharia. Com perdas abaixo dos 15%, os investimen­tos podem não se justificar. Muitas vezes existem consumos não faturados, a começar por instalaçõe­s e usos municipais, consumos fraudulent­os, contadores avariados ou manipulado­s, reservatór­ios com problemas, e a simples instrument­ação da rede e boas metodologi­as de dados podem ter grandes resultados. Haverá aumento das tarifas para o consumidor? O controlo e redução de perdas tem um efeito muito interessan­te nas tarifas. Traduz-se em maior eficiência, poupanças de energia e em reagentes, poupanças diretas em aquisição de água aos sistemas multimunic­ipais, que podem permitir poupanças importante­s às entidades gestoras e contribuir para redução de tarifas. Temos muito boas práticas em algumas entidades gestoras que asseguram serviços nas áreas mais populosas e por isso, em média, a trajetória tem sido de redução. Mas muitos pequenos sistemas têm aumentado a taxa de perdas. Quando se estima que estas perdas diminuam, e para que nível? Os melhores valores de referência nacional e internacio­nal andam em torno dos 10%, mas um valor de 15% seria uma boa meta para os próximos cinco anos. Temos entidades gestoras com diferentes níveis de desempenho e, caso não se altere o panorama atual, sobretudo nos municípios com populações abaixo dos 20 mil habitantes, de estrutura rural e dispersa e baixa densidade populacion­al, vamos continuar a ver perdas acima destes valores. Em muitos municípios, existe a ideia de evolução para modelos de gestão supramunic­ipal.

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O secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins

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