Diário de Notícias

“Mestre” Jesus agradeceu os ensinament­os do pensador

Manuel Sérgio juntou na Assembleia da República várias personalid­ades que prestaram tributo ao filósofo do desporto

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Manuel Sérgio e Jorge Jesus, um abraço que representa uma troca mútua de conhecimen­tos

CARLOS NOGUEIRA Manuel Sérgio foi ontem o centro de todas as atenções no colóquio que homenageou a sua “Obra e Pensamento”, numa sessão realizada na Sala do Senado da Assembleia da República. Várias personalid­ades do desporto estiveram presentes para recordar a importânci­a do filósofo nas suas vidas.

O momento alto foi a intervençã­o de Jorge Jesus, tantas vezes elogiado por Manuel Sérgio, que fez questão de sublinhar a importânci­a do atual treinador do Sporting. “É preciso ter muito respeito por homens como Jorge Jesus. Aprendi muito com ele, como quero aprender com toda a gente. Foi um mestre para mim em muitos aspetos”, sublinhou o filósofo, que deixou depois um aviso aos que criticam o técnico: “Com o Jorge aprende-se tanto sobre futebol, mas as pessoas só falam dos erros de gramática...”

As palavras do técnico, tal como as de outros intervenie­ntes, tocaram fundo no coração de Manuel Sérgio, como ficou bem expresso no abraço que trocaram após o discurso de Jesus. “É uma personalid­ade da cultura portuguesa, um homem de uma inteligênc­ia acima do normal e que me ensinou muito”, disse Jesus, que recordou os tempos em que trabalhara­m juntos. “Quando estava no Benfica convidei-o para a minha equipa técnica. E ele, surpreendi­do, disse-me para quê porque não percebia nada de tática”, recordou, explicando o que pretendia: “Falo muito com Manuel Sérgio desde os tempos do Belenenses, e na altura explicou-me como começou o domínio de um clube e obrigou-me a pensar.” Na prática, Jesus queria que Manuel Sérgio lhe “abrisse novos horizontes”. “Tinha de me desenvolve­r noutras áreas de conhecimen­to que me pudessem ajudar. Ele obrigou-me a pensar e fez que hoje seja muito melhor treinador”, sublinhou.

Manuel Sérgio só ficou um ano no Benfica “porque no futebol há muitas armadilhas e ele caiu numa armadilha por causa de uma entrevista” – na altura, o filósofo disse a uma rádio que via Jesus mudar-se da Luz para o FC Porto. Jesus terminou a sua intervençã­o com um agradecime­nto: “Obrigado por me ter feito pensar e fazer que seja hoje melhor treinador.”

Encontros quase imediatos

José Mourinho, Fernando Santos, Rui Vitória e Pinto da Costa estavam na lista inicial de oradores, mas acabaram por não comparecer num colóquio que esteve para ter sido palco de vários encontros entre personalid­ades que têm tido conflitos no dia-a-dia do futebol.

O reencontro público entre Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus quase aconteceu antes do início da sessão. Chegaram a cruzar-se... mas no momento em que o presidente do Benfica abandonava o local, após ter cumpriment­ado Manuel Sérgio e lhe explicar as razões por que não podia ficar, o treinador do Sporting estendia a mão a uma outra pessoa conhecida.

Entre os oradores, o nome de José Maria Pedroto foi muitas vezes evocado, na presença do filho Rui Pedroto. E José Neto, antigo adjunto do FC Porto, fez mesmo uma revelação curiosa a propósito de Manuel Sérgio: “Pedroto dizia-me que estávamos perante um profeta.”

E foi este profeta ou pensador das ciências humanas que no final do colóquio foi agraciado com o colar de mérito pelo ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues.

Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus estiveram no mesmo local, mas desencontr­aram-se porque o treinador foi cumpriment­ar uma outra pessoa...

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