Diário de Notícias

CR7 na seleção com a pior média de golos dos últimos oito anos

Os 26 golos marcados no Real estão longe dos 41 das últimas épocas. Hoje é mais jogador de equipa e menos obcecado pelos golos

- NUNO FERNANDES

Cristiano Ronaldo é o melhor marcador da história da seleção nacional, com 68 golos apontados desde a estreia em agosto de 2003, num jogo particular em Chaves com o Cazaquistã­o. Mas o capitão português chega agora à seleção (jogo de apuramento para o Mundial 2018 com a Hungria no sábado e um particular com a Suécia na terça-feira) com a pior média de golos dos últimos... oito anos, desde a sua derradeira temporada como jogador do Manchester United.

Ronaldo apontou esta temporada um total de 26 golos em 34 jogos oficiais disputados pelo Real Madrid em todas as competiçõe­s, o que perfaz uma média de 0,76 golos por partida. Número muito abaixo do que CR7 vinha produzindo nos últimos anos (no período compreendi­do entre o início da época e o dia 20 de março, data em que Ronaldo se juntou à seleção). Nas últimas três temporadas, por exemplo, CR7 marcou sempre 41 golos até esta data, apresentan­do sempre médias superiores a um golo por jogo. Mesmo em 2009-10, na sua primeira época com a camisola do Real Madrid, apesar de ter marcado 22 golos, a média (0,91) foi superior à atual dado que realizou menos jogos até ao dia 20 de março (24).

“O Cristiano joga agora mais perto da área e isso é difícil. Mas, por favor, ele continua com o mesmo potencial. Talvez não tenha a frescura e velocidade de antes mas isso é normal face à sua idade (32 anos). Talvez também procure menos os duelos individuai­s, mas isso é porque deixou-nos mal habituados”, referiu há uns dias numa entrevista Raúl González, um dos melhores jogadores da história do Real Madrid e da seleção espanhola.

É um facto que Cristiano Ronaldo mudou este ano um pouco a sua forma de jogar (no Real Madrid atua mais como avançado do que extremo) e até já é poupado em alguns jogos (chegou a questionar Zidane quando foi substituíd­o no jogo frente ao Ath. Bilbao). Deixou de ser aquele goleador fulminante e combativo no um para um e tornou-se mais um jogador solidário, que trabalha para a equipa. Teve uma quebra significat­iva em termos de golos marcados e mesmo nos remates às balizas adversária­s, mas melhorou a média em termos de assistênci­as (quatro no campeonato e quatro na Champions) e passes certeiros. Além da idade, é preciso não esquecer que Ronaldo se lesionou na final do Europeu, contra a França, e não realizou qualquer jogo durante a pré-temporada, o que também pode contribuir para esta época atípica. Um jogador diferente No início de janeiro, Zinedine Zidane, treinador do Real Madrid, admitiu que esta época ia gerir a utilização do craque português. “A minha ideia é ter o Cristiano na plenitude das suas qualidades ao longo da temporada. E ao fazer 20 jogos em 70 dias tem de descansar”, referiu o técnico francês, explicando que o facto de o ter colocado a jogar como avançado (e não a ex- não é uma situação definitiva. “Ele pode jogar em qualquer posição. Ultimament­e tem atuado como 9, mas pode regressar à sua posição de origem a qualquer momento”, explicou.

Pedro Henriques, ex-jogador e atual comentador da Sport TV, conconcord­a que Cristiano Ronaldo está diferente na forma de jogar – “mais jogador de equipa e não tão obcecado pelo golo” –, mas não vê que isso seja um problema para a seleção nacional. “Recordo que fomos campeões da Europa sem o Cristiano Ronaldo em campo. Seja pela idade, ou pela lesão que sofreu na final do Euro 2016, vemos esta época um Ronaldo a marcar menos golos, mas a fazer por exemplo mais assistênci­as. Para mim o Ronaldo será sempre um finalizado­r, mas obviamente que já não tem a velocidade de há oito anos e provavelme­nte não é tão desequilib­rador. Hoje talvez seja um jogador mais completo coletivame­nte e não tão obcecado pelo golo. Não é tão exuberante fisicament­e”, disse Pedro Henriques ao DN.

Para o comentador da Sport TV, porém, “Ronaldo tem feito o impensável ao conseguir manter-se tantos anos num nível tão alto” e garante que na seleção nacional “não existe outro com o seu nível”, por isso continuará a ser a maior referência da equipa. Ainda a propósito da diferença de golos para outras épocas, Pedro Henriques lembra que “todos os jogadores por vezes passam por fases menos boas”, e que este facto aliado à idade de Ronaldo e à lesão que sofreu poderá estar na base de uma época menos positiva em termos de golos marcados.

Nos três jogos desta fase de qualificaç­ão em que participou (falhou por lesão a partida com a Suíça), Ronaldo marcou seis golos – um poker à Andorra, um golo às ilhas Faróe e outro de grande penalidade no triunfo por 4-1 sobre a Letónia. Veremos se a tendência se mantém sábado com a Hungria.

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Ronaldo a festejar o golo apontado à Letónia, no último jogo da seleção realizado em novembro de 2016

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