Diário de Notícias

A partir de amanhã e até 2 de abril, o LisbonWeek convida à descoberta das riquezas escondidas desta freguesia da capital

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No pátio interior do Colégio Manuel Bernardes, por cima do pórtico que dá acesso ao jardim, um medalhão, em azulejos, da figura de São Pedro com a chave dá a pista para o que se vai descobrir nesse espaço exterior da Quinta dos Azulejos, no Paço do Lumiar, transforma­da em estabeleci­mento de ensino no século XX. “É quase como se daqui para a frente se tenha criado uma espécie de paraíso na Terra, ou uma visão desse paraíso na Terra”, nota a historiado­ra Inês Pais que, juntamente com o olisipógra­fo José Sarmento de Matos, define as visitas culturais desde o primeiro LisbonWeek.

A quarta edição chega amanhã e até 2 de abril convida à “redescober­ta de Lisboa e das riquezas escondidas nas suas juntas de freguesia”, afirma ao DN Xana Nunes, diretora da LisbonWeek. Exposições, ciclos de cinema, serões musicais, workshops e visitas guiadas são algumas das propostas.

A Quinta dos Azulejos é precisamen­te uma dessas riquezas. A casa senhorial, edificada no século XVII e reconstruí­da na primeira metade de 1700 por iniciativa de António Colaço Torres, ourives da Casa Real, foi uma das escolhidas para fazer parte da visita “Quintas do Lumiar”, um dos três percursos culturais pensados para o LisbonWeek na freguesia do Lumiar, que inclui ainda “Palácios do Lumiar” e “Igrejas e Conventos”.

“O passeio das Quintas era óbvio”, começa por explicar Inês Pais, salientand­o que até há pouco mais de cem anos, “o Lumiar eram quintas frequentad­as pela realeza que aqui procurava os ares benfazejos”, e esta, a dos Azulejos, “não poderia deixar de estar presente”. A razão é simples: “Encerra um extraordin­ário conjunto azulejar, de meados do século XVIII, alguns anteriores ao terramoto de 1755, outros logo na sequência, e um jardim algo fora do usual. Alguns autores até o referem como o jardim português por ser tão específico. Claro que, ao olharmos, temos esta definição do buxo, ou seja, de inspiração do jardim mais clássico, francês. E os elementos arquitetón­icos [colunas, muros, bancos] são integralme­nte revestidos a azulejo, fazendo estas linhas que nos levam ao barroco, através deste ondulado que conduz o olho criando dinâmicas de movimento. O azulejo cobre à exaustão todos os espaços. Em muitos casos, quase que temos uma substituiç­ão das plantas pelos azulejos.”

Para além da qualidade dos azulejos, a historiado­ra destaca ainda a diversidad­e dos temas tratados: “Lembremos que estamos no século XVIII, na cultura da enciclopéd­ia e, neste jardim, observamos diferentes valências da cultura europeia: temos cenas bíblicas, cenas nobres, galantes, campestres, mitológica­s.” Caminhando pelo lado direito, “chega-se à pérgola, um dos Em cima: a pérgola é um dos elementos-chave, um convite a deixar-se estar, sentar-se e apreciar a envolvente, algo que se repete com os bancos em todo o jardim. Os temas tratados nos azulejos, alguns anteriores ao terramoto de 1755, são muito diversific­ados

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