Inauguração da Casa da Arquitetura adiada para outubro
Sem garantia de conclusão das obras para 16 de junho, como previsto, a inauguração foi adiada quatro meses
As obras de recuperação e requalificação do quarteirão da Real Vinícola, em Matosinhos, deviam estar concluídas no primeiro semestre deste ano e a inauguração da Casa da Arquitetura (CA) estava marcada no calendário para 16 de junho, mas só vai acontecer no final de outubro, divulgou ontem aquele que pretende ser o primeiro Centro Português de Arquitetura na sua newsletter.
“Por motivo de atrasos das obras a inauguração passa para outubro, em data a confirmar”, explica Nuno Sampaio, diretor executivo da Casa da Arquitetura, ao DN, sobre as razões do adiamento. E embora calcule que a CA pudesse ser inaugurada no final de julho, optou por deixar passar o período de férias e eleições autárquicas, a acontecer entre 15 de setembro e 15 de agosto, por considerar que não existe “espaço mediático”. “Os políticos estão preocupados com a campanha”, justifica.
A Casa da Arquitetura é, no entanto, um dos 60 espaços que poderão ser visitados nos dias 1 e 2 de julho, durante a 3.ª edição da Open House Porto, um itinerário gratuito selecionado pelos arquitetos Paula Santos e Ivo Poças Martins, pelo património do Porto, Vila Nova de Gaia e Matosinhos. “Poderá ver-se o edifício em si, a arquitetura concluída”, avança Nuno Sampaio. Projeto de seis milhões de euros A Casa da Arquitetura, apresentada formalmente em novembro, no encerramento da Bienal de Arquitetura de Veneza, ocupa cinco mil dos oito mil metros do quarteirão da Real Vinícola, em Matosinhos (o restante será ocupado pela orquestra jazz e por espaços comerciais). É financiado em 6 milhões de euros pela autarquia – 3,2 milhões de euros para o projeto de requalificação, dois milhões para a CA e 700 mil para a aquisição de material para tratamento de arquivo, uma das suas missões. Nuno Sampaio calcula que o orçamento anual da CA se situe entre os 2 ou 2,5 milhões de euros, com recurso a fundos comunitários e acordos com empresas.
Com o adiamento da inauguração da CA ficaram também adiadas as exposições já previstas: Poder Arquitetura, uma constelação de meia centena de projetos nacionais e estrangeiros (Álvaro Siza, Souto Moura, 51N4E, David Chipperfield...); e Os Universalistas, a exposição da Fundação Gulbenkian que esteve na Cité de L’ Architecture, em Paris, há um ano.
O diretor executivo da Casa da Arquitetura encontra-se no Brasil a estabelecer contactos com os arquitetos autores dos 70 projetos selecionados para virem a integrar a Coleção Arquitetura Brasileira, apresentada formalmente em São Paulo, na quarta-feira, dia 29, no MuBE – Museu Brasileiro de Escultura.
Esta coleção pretende documentar a produção arquitetónica brasileira, de 1930 à atualidade, a partir de 20 projetos modernos e 50 contemporâneos (de que faz parte o prémio Pritzker brasileiro Paulo Mendes da Rocha, autor do Museu dos Coches, em Lisboa) escolhidos pelos curadores Guilherme Winsnik e Fernando Serapião. Deste acervo fazem parte cerca de cem livros sobre arquitetura brasileira que vão estar disponíveis na biblioteca da Casa da Arquitetura, para investigação.