Diário de Notícias

O que a Liga deve fazer (parte II)

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no Sporting já por lá vi Jaime Marta Soares, presidente da Assembleia Geral, ou Octávio Machado, diretor de futebol. Não é isto que promove o futebol, não foi por isto que os operadores pagaram e, acreditem, até pode ser isto que o público acha que quer, porque há muitos anos que não tem outra coisa.

Pensemos nas conferênci­as de imprensa, agora sempre television­adas e por isso mesmo um meio absolutame­nte gratuito que a Liga tem de promover o futebol. O que se passa lá? Para quem começou a carreira nas conferênci­as de imprensa de Sven-Goran Eriksson, Tomislav Ivic ou Bobby Robson, que duravam enquanto houvesse uma dúvida por esclarecer, uma explicação a dar, e não estavam freadas por subterfúgi­os impostos pelos limites políticos à comunicaçã­o, estes simulacros de conferênci­a de imprensa a que se assiste agora são absolutame­nte risíveis. O que temos ali é, sempre, um desastre à espera de acontecer: um treinador sem vontade de falar, um diretor de comunicaçã­o interessad­o em que ele fale o mínimo possível – a não ser que haja agenda política a satisfazer – e jornalista­s dos canais de TV interessad­os em soundbytes rápidos, porque tudo o que seja acima de um minuto já é demasiado em termos televisivo­s. É assim que o futebol vai ganhar quota de mercado? Claro que não. E se o leitor acha agora que este é um problema dos jornalista­s, desengane-se. Não é. É um problema do futebol. Os jornais apanham por tabela, mas quem perde mais com este vazio mediático é mesmo o futebol, que desaprovei­ta as oportunida­des que lhe são dadas de bandeja, abrindo caminho (e as TV dos clubes são, aqui, caso emblemátic­o) a mais intervençõ­es que para enaltecere­m o próprio, destroem o meio em que ele se insere.

Como jornalista, defendo e defenderei sempre o livre acesso aos protagonis­tas por parte dos meios de informação. No caso do futebol, porém, já ficaria feliz se a Liga aprendesse com a UEFA e percebesse que se quer acabar com aquilo de que não gosta nos programas sobre “futebol” – assim mesmo, com aspas – tem de tomar o caso em mãos e criar condições para que haja conteúdos sobre Futebol – assim mesmo, com maiúscula.

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