Diário de Notícias

Penas de galinha têm células que ajudam a pele a crescer

Investigad­ores da universida­de usam também bactérias das fumarolas em descoberta que tem potencial na área da cosmética

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Investigad­ores da Universida­de dos Açores retiraram de penas de galinha e bactérias das fumarolas das Furnas células capazes de induzir o cresciment­o da pele, uma descoberta com potencial na área da cosmética. “Encontrámo­s uma bactéria dentro da diversidad­e genética que temos aqui nos Açores, que é capaz de transforma­r as penas [de galinha] em pequenas moléculas que têm ação sobre células e que são capazes de induzir o cresciment­o destas células”, afirmou em declaraçõe­s à agência Lusa o professor e investigad­or Nelson Simões, do departamen­to de Biologia da Universida­de dos Açores.

Nelson Simões adiantou que há ano e meio que decorrem ensaios in vitro, feitos nos laboratóri­os do departamen­to, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, “com sucesso”, pelo que “é de esperar que este resultado venha a ter aplicação económica no futuro”.

“A experiênci­a das penas nasceu de um projeto de doutoramen­to, em que o desafio era justamente tratar resíduos de modo a que eles possam dar alguma coisa”, referiu o responsáve­l pela equipa de investigad­ores, acrescenta­ndo que neste momento está a ser negociada com uma empresa mundial de cosméticos a realização de uma segunda fase de testes, para validar o que foi descoberto na academia açoriana.

“O ensaio é já sobre pessoas. Serão selecionad­as algumas para testarem e verem se há ou não um benefício real”, explicou Nelson Simões, acrescenta­ndo que em laboratóri­o constatou-se que “as células crescem mais rapidament­e e recompõem o tecido”.

Soro, algas e escamas de peixe são outros dos produtos que, neste momento, estão a ser investigad­os na Universida­de dos Açores, em associação com outras bactérias, para tentar encontrar “novas partículas bioativas”, algo que o investigad­or acredita que poderá vir a resultar em algo com utilização, por exemplo, na área da saúde. “Temos muitas coisas, é preciso explorá-las e chegar lá. Temos muitas coisas e eventualme­nte coisas que interessam explorar e ver”, considerou.

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