Acionistas recebem mais de dois mil milhões em dividendos
Cotadas do PSI 20 vão abrir os cordões à bolsa na distribuição de dividendos. Sonae Capital e CTT são as ações mais rentáveis
É a época mais aguardada pelos acionistas. A recolha de dividendos está à porta e as empresas decidiram ser mãos largas neste ano. Contas feitas, as cotadas do PSI 20 deverão distribuir cerca de dois mil milhões de euros pelos acionistas, uma subida que ronda os 20% face a 2016. Algumas empresas vão mesmo partilhar um montante superior ao lucro que obtiveram.
É o caso da Sonae Capital, que vai distribuir 25 milhões de euros, acima dos ganhos de 18,7 milhões registados no ano passado. E também dos CTT, que, apesar de uma queda dos lucros de 13,7% para 62,2 milhões de euros, optaram por premiar os acionistas com 72 milhões de euros. Os títulos das duas empresas são mesmo os mais rentáveis do ano. O retorno da Sonae Capital chega a 11,9%, e a rentabilidade dos CTT ascende a 9,37%. Existem mais três títulos com retorno a rondar os 6%: Navigator, REN e EDP. A rentabilidade média do índice lisboeta em relação ao ano passado aumentou, de 3,9% para 4,8%.
E como explicar esta onda de generosidade? “Um cenário de crescimento económico modesto e níveis baixos de investimento podem fazer que as empresas optem por distribuir” os lucros, justifica Marisa Cabrita.
Em termos de montantes, a EDP mantém a liderança absoluta. A empresa liderada por António Mexia reservou 695 milhões de euros para partilhar pelos acionistas. Seguem-se os pesos-pesados Galp, com 415 milhões, e Jerónimo Martins, que promete dividir 380 milhões de euros. Juntas, representam quase 70% do bolo do principal índice bolsista nacional.
Apesar da evolução positiva, os analistas deixam alguns avisos aos investidores. Em primeiro lugar, devem ter em conta a sustentabilidade do dividendo e olhar para o futuro. “Não estimamos que nos próximos anos o aumento dos dividendos se mantenha superior à inflação”, alerta João Queiroz. É ainda preciso não esquecer, acrescentam os especialistas, que os dividendos estão sujeitos a uma carga fiscal de 28%.