Ainda há pouco eram os heróis dos diretos
Sem alcunhas, Marco Gonçalves e Fernando Madureira. Sem alcunhas. Jogam no Canelas, que tem por presidente Bruno Canastro. Do clube e do presidente permito-me sorrir com o que sugerem os nomes, Canelas e Canastro, tão evocativos do contrário do que o futebol é. O futebol é a inteligência neuronal de Messi, a autoridade natural do Sr. Coluna, a dedicação ao grupo do André, pai do André André, a beleza dançarina desse Gelson que se afirma na nossa seleção e, ainda, para nos metermos na definição, o orgulho de compatriota com a grandeza de Cristiano Ronaldo, uma estrela de topo numa atividade universal. Permito-me, pois, brincar com Canelas e Canastro, clube e presidente, porque nada sei deles, a não ser os nomes irónicos. Já de Marco Gonçalves e Fernando Madureira sei o suficiente para chamá-los pelos nomes, e insistir nos nomes. Não por ter medo de lembrar as suas alcunhas, mas porque estas são irrelevantes. Eles começam por ser uma massa difusa (a força deles), imagem fascista, de força bruta, enquadrados por botas a atravessar a cidade. São de claques, desta ou de outra cor, mas todas da cor da borra. No sábado, depois de um belo jogo de futebol, quatro estações televisivas fizeram longos diretos desses borra-botas. Ainda não são nada mas já são uma imagem que nos desarma. É bom, pois, que a democracia, que é uma sociedade de indivíduos, saiba dois nomes dessa massa difusa – é com indivíduos que a lei trata. É o nosso estilo de jogo.