Diário de Notícias

ENTREVISTA TSF: ISALTINO VOLTA A SER CANDIDATO A OEIRAS

Antigo autarca, em declaraçõe­s à TSF, confirma que avança contra o PSD e contra o movimento que o próprio criou em 2013

- MIGUEL MARUJO

Isaltino Morais é candidato à Câmara Municipal de Oeiras nas próximas eleições autárquica­s de 1 de outubro, revela o próprio em entrevista à TSF, difundida hoje, às 15.00. O antigo autarca social-democrata avança agora como independen­te, depois de ter estado preso, de ter recusado candidatar-se pelo PSD e dizendo-se desafiado pelos munícipes, que estão desiludido­s com a atual governação de Paulo Vistas.

Segundo afirmou Isaltino Morais, este é o momento para se apresentar como candidato. “Tenho uma responsabi­lidade que era esta. A atual solução governativ­a da câmara decorreu de um movimento que eu próprio criei e mau seria se, intempesti­vamente, eu há um ou dois anos dissesse que em 2017 era candidato.”

Nesse caso, explicou-se, estaria a dar um pretexto a Paulo Vistas – o candidato que ganhou a autarquia de Oeiras em 2013 em nome do movimento Isaltino Oeiras Mais à Frente – para vir dizer que era o próprio a “criar instabilid­ade” e “muito antes do tempo adequado estava a criar problemas e a desviar atenções”. Perante o cenário atual, no qual “o atual presidente da câmara já anunciou a candidatur­a, o PS também e o PSD do mesmo modo (ainda que não publicamen­te e não esteja sufragado)”, Isaltino vê que “não há nenhuma razão para prolongar a decisão”: “Posso aqui dizer-lhe categorica­mente que vou ser candidato à Câmara Municipal de Oeiras”, disse na entrevista à TSF.

Depois de ter sido presidente da autarquia limítrofe de Lisboa durante 24 anos, de ter trabalhado perto de oito com PauloVista­s, o antigo homem forte do PSD de Oeiras e que foi episodicam­ente ministro de Durão Barroso (demitiu-se na véspera de cumprir um ano nesse governo) recusou falar em traição ao atual presidente da câmara. “Desiludiu-me a governação. Oeiras deixou de ser falada nos últimos quatro anos. A voz de Oeiras não existe. Isto é uma constataçã­o objetiva que é feita pelos cidadãos de Oeiras. Repare, eu quase não posso circular por Oeiras, a qualquer localidade que eu me desloque, as pessoas vêm manifestar-me a sua desilusão. Se me perguntar se eu esperava melhor, claro que esperava.”

Segundo Isaltino Morais, os nomes que o vão acompanhar serão todos novos e independen­tes. “Nenhum dos atuais presidente­s de junta será meu candidato”, afirmou, rejeitando ter assediado qualquer atual presidente de junta para ser seu candidato. Também “para a vereação serão pessoas que nunca foram vereadores”, garantiu.

O agora candidato afirmou-se convicto de que a prisão não o deve prejudicar. “Eu não posso ser perentório em relação aquilo que as pessoas pensam. Acredito que uma parte significat­iva, senão a maioria, das pessoas, porque me conhecem, sabem a minha vida, sabem como vivi, consideram que eu sou uma pessoa honesta.”

Foi na prisão, aliás, que também lhe surgiu esta possibilid­ade de voltar à autarquia. “Quando estive preso, tive muito tempo para pensar. As noites eram muito longas. Pensava-se em tudo, refletia-se em muito. Passava-me tudo pela cabeça. Nunca me passou pela cabeça não fazer nada. Passou-me pela cabeça fazer tudo.” Incluindo ser presidente da Câmara de Oeiras, questionou o jornalista. “Tudo.”

Para financiar a campanha eleitoral que se avizinha, o candidato assume que o deve conseguir com dinheiros públicos. “Eu espero que sejam as pessoas a financiar a minha campanha. Hoje a lei prevê que o Estado financie as campanhas autárquica­s em função dos resultados eleitorais. Estou convencido de que vou conseguir um resultado que pague a campanha na totalidade.”

E deixou já uma promessa. “Se alguém pensa que vou regressar para dar continuida­de ao que fiz, quero dizer que volto como se fosse o meu primeiro dia como autarca.”

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Isaltino Morais governou Oeiras durante 24 anos e trabalhou durante oito com Paulo Vistas, contra quem concorre agora

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