“Falo com muita gente sobre política, dou a minha opinião quando pedem, mas voltar a fazer política em Portugal, não. Não tenho saudades nenhumas”

Sente que o partido ainda o vai tentando contactar aqui e acolá? Muitas vezes. Como já disse, tenho recebido imensos telefonemas de pessoas que já não via há vinte anos e que me falaram, diria, genuinamente contentes. Essa parte é sempre agradável. Tenho contacto com muita gente, os bombeiros por exemplo, quando passo por qualquer terra vêm ter comigo. Eu passei pelo país inteiro, como ministro ou como secretário-geral do partido. Durante todo este processo, nunca fui alvo de nenhuma hostilidade. E podia ter acontecido, numa fila de carros, por exemplo. Nunca fui alvo de nenhuma hostilidade. Houve uma vez um tipo armado em estúpido que veio falar comigo, com cara de senhor e com uma pergunta estúpida e eu disse-lhe que não falava com pessoas estúpidas. Foi a única coisa menos agradável que tive, não tive mais nada. Saiu da política zangado com a atividade política? Não, de todo. Mesmo com este processo não saí da política zangado. Bom, eu tinha saído da política muito antes, em 1995. O Conselho de Estado já é uma coisa de estar na política muito levemente, obviamente. Sim, mas era um conselheiro ouvido quer pelo Presidente da República quer pelo seu próprio partido, tinha intervenção de bastidores, se quisermos... Sim, fui presidente do congresso ainda durante uns tempos depois disso, com o José Manuel Barroso e escrevi coisas em vários momentos.. Mas é algo que é inconciliável neste momento? Ouça, não tenho nenhumas saudades de nada disso. Gosto muito de falar com os meus amigos num plano de amizade, às vezes comentamos política, outras vezes não, depende. Eu quero que a minha casa seja, como dizia o Fausto Correia, meu colega de curso e meu grande amigo, a tua casa é um templo de amizade e é isso que eu quero que seja a minha casa. Fala-se de política ou fala-se da vida ou fala-se de doenças ou fala-se de tragédias, da dor, da morte ou da vida, de qualquer coisa,