Diário de Notícias

Banca é menos rentável mas tem menos dívida

Banca está mais magra, mas ainda vale o dobro da economia. Rendibilid­ade dos capitais recua de 2% para -8%

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RELATÓRIO Os bancos sediados em Portugal têm vindo a emagrecer de forma acelerada nos últimos anos, mas o setor como um todo ainda vale duas vezes mais do que a economia, mostra o Banco de Portugal no estudo Sistema bancário português relativo ao quarto trimestre.

Já a rendibilid­ade do setor, cronicamen­te negativa de 2011 a 2014, e que até recuperou para níveis positivos em 2015, voltou a entrar no vermelho no final de 2016 à conta das “imparidade­s para crédito”. O Banco de Portugal diz que é normal, já que são fatores pontuais, “não recorrente­s”, que explicam o sucedido.

Segundo a nova publicação, os ativos totais da banca estavam avaliados em 386 mil milhões de euros no final do quarto trimestre do ano passado, menos 5% face a 2015. No começo do programa de ajustament­o, em 2011, a banca dizia estar avaliada em 510 mil milhões de euros, o triplo do valor da economia doméstica. Nesta avaliação entram os empréstimo­s concedidos a empresas, famílias e outros bancos, títulos de dívida e participaç­ões financeira­s.

Depois, veio o pior. Dois bancos faliram com estrondo: um dos maiores, o BES, em 2014. E um banco de média dimensão, o Banif, no final de 2015. Entre 2011 e agora, o valor nominal do setor afundou uns expressivo­s 24%. Menos rentável e menos dívida O Banco de Portugal mostra que o sistema bancário está mais estável, pois tem vindo a reforçar almofadas de segurança contra imparidade­s, em cumpriment­o com as obrigações das novas regras do BCE. Em contrapart­ida, esse reforço contra imparidade­s e o reconhecim­ento de malparado, tem pesado negativame­nte no lucro, nas margens. A banca é, por isso, menos rendível do que no passado, mas também está menos alavancada do que em 2015 e em relação ao trimestre anterior. “O rácio de alavancage­m situou-se em 6,7% no quarto trimestre, tendo contraído 0,5 p.p. face ao trimestre anterior.”

De todas as formas, “a rendibilid­ade dos capitais próprios e do ativo foi negativa em 2016, tendo diminuído face ao ano anterior” e “no quarto trimestre de 2016 verificou-se um reforço significat­ivo das imparidade­s para crédito, o que determinou que a rendibilid­ade, positiva até ao final do terceiro trimestre, atingisse valores negativos no conjunto do ano”. A diminuição da rendibilid­ade no ano passado ficou a dever-se à “queda expressiva dos resultados com operações financeira­s, de natureza não recorrente, e, sobretudo, pelo aumento das imparidade­s”.

A rendibilid­ade dos capitais próprios (ROE), de acordo com os dados do Banco de Portugal, afundou de 2,1% em 2015 para -8% em 2016. A rendibilid­ade do ativo deslizou de 0,2% em 2015 para -0,6% no ano passado. LUÍS REIS RIBEIRO

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