Há joias portuguesas no Convento do Beato
Primeira edição da Iconic em Lisboa reúne 63 expositores para mostrar peças de ouro, prata, com pedras preciosas e semipreciosas
São 63 os expositores de alta joalharia de novos designers portugueses e de associações que vão estar a partir de hoje e até domingo em exposição no Convento do Beato, em Lisboa. Aos que trabalham o ouro, a prata, as pedras preciosas e as semipreciosas vão juntar-se criadores de moda e artistas para dar a conhecer os novos conceitos de produção, alargando-se também à moda e ao lifestyle. É a primeira edição da Iconic, uma iniciativa da Exponor que sai de Santa Maria da Feira e que vem para a capital, com o mote Girl Power. Amélia Monteiro, a diretora da feira, explica ao DN que “a joalharia é um setor que não pode estar afastada das questões da atualidade. Queremos fazer uma reflexão sobre o papel das mulheres nos negócios, numa atividade em que ainda há uma certa cultura machista”.
A alteração do comportamento do consumidor de joias, em que a mulher compradora é um aspeto importante, é uma das razões para a realização da Iconic a sul. Amélia Monteiro, que a norte dirige a Porto Joia, refere que há um leque muito alargado de concorrência face ao passado: “O joalheiro já não compete só com o joalheiro ao lado, com o colega. A concorrência à joalharia é também o setor das viagens, os gadgets. Antigamente dava-se uma joia ou um relógio para agradar. Agora há muito mais escolhas.”
A par desta alteração verifica-se também uma mudança na expectativa de compra. “Antes era um investimento. Uma joia valia o seu valor inerente. Hoje não. O consumidor privilegia o design e os valores da marca.” E embora a diretora da Iconic afirme que a alta-joalharia está de boa saúde, com compradores clássicos que continuam a apostar em peças com mais de cem gramas de ouro de 18 quilates (o que equivale a 3800 euros), há mais mercado para os que trabalham materiais menos nobres como a prata e as pedras semipreciosas. E é aqui que o design se torna mais relevante. Setor em expansão e renovação Desde que foi criada em 2008, a AORP registou um crescimento de 500% no setor. A mudança dos mercados-alvo das produções foi a chave para o aumento do volume dos negócios do setor. Agora a ourivesaria e a joalharia portuguesa são distribuídas maioritariamente no estrangeiro.
O tecido empresarial da joalharia está a mudar, fator que facilita o processo de internacionalização. Amélia Monteiro refere que se verifica um regresso do interesse pela atividade. “O setor está a renovar-se. Temos jovens designers, formados por excelentes escolas portuguesas, que entram no mercado de trabalho nas empresas já estabelecidas e outros que formam as suas próprias marcas.” A inovação que estes jovens designers trazem às produções não esquece, no entanto, o trabalho do ouro especificamente português: “Temos a filigrana, que é feita manualmente e que é incorporada nas novas peças. Verificamos que temos designers e fabricantes com conhecimento desta técnica específica e que a incorporam em pequenas abordagens em peças de excelente qualidade.” Com a Porto Joia a realizar-se depois do verão, falta saber por que razão a Exponor quis criar uma feira aparentemente concorrente em Lisboa. Amélia Monteiro afirma que “a feira quase não tinha visitantes do Centro e do Sul. Queríamos abrir a um público mais alargado. A intenção é fazer negócios com todo o país”. Com dois dias só para profissionais do setor (sexta e sábado) e aberto ao público no domingo, a Iconic foi desenhada nas palavras da diretora do evento “com um formato mais apelativo, que se assumisse como um farol de tendências de estilo de vida. As joias não vivem sem moda e fazem parte de um estilo de vida. Foi por isso que quisemos juntar tudo.” Jornalista do delas.pt