Centeno virou piada!
Parece que Mário Centeno foi sondado para presidir ao Eurogrupo. Digo parece não porque duvide dessa sondagem, aliás já confirmada pelo primeiro-ministro, mas porque também parece que, afinal, foi mesmo convidado. Sim, eu sei que estou a gastar latim com um fait-divers, mas percebam os leitores que o assunto virou assunto de Estado, comentado pelo Presidente da República, pelo primeiro-ministro e por um eurodeputado.
Recordando: o Expresso noticiou que Centeno foi sondado para presidir ao Eurogrupo; Marcelo Rebelo de Sousa esclareceu que nem valia a pena pensar no assunto porque Portugal não podia mudar agora de ministro das Finanças e António Costa confirmou a sondagem sem nos informar quem tomou essa iniciativa. Impecável, como o calor voltou, poderíamos ser tentados a pensar que já estávamos na sealy season. Entretanto, Marcelo já deve ter percebido que o presidente do Eurogrupo se mantém ministro das Finanças do seu país e não havia, portanto, que temer a fuga de Centeno. O assunto está arrumado? Não, para o delírio ser total faltava o eurodeputado Francisco Assis vir meter a colherada.
Para escolher alguém para este cargo que ficará liberto em 2018 é preciso que cada família europeia, à esquerda e à direita, sonde potenciais candidatos. Dois ou três por cada família para levar à contenda. Na última eleição, por exemplo, a esquerda (será melhor dizer o Norte) escolheu este Dijsselbloem e a direita (será melhor dizer o Sul) escolheu o ministro das Finanças espanhol, Luis de Guindos. Esta sondagem foi transformada por Assis num convite, já acertado entre esquerda e direita, entre Norte e Sul. Convite que estaríamos obrigados a aceitar por dever moral com Portugal e a Europa.
Os políticos insistem em não ser levados a sério. Transformam uma conversa entre copos na mais crucial decisão sobre o futuro da Europa. Não arranjam tempo para nos dizer o que pensam sobre coisas verdadeiramente sérias? Já ontem perguntei: não querem saber do regabofe justiceiro que corrompe o Estado de direito?