Diário de Notícias

Até sábado a Costa de Caparica será muito mais do que surf nestas férias da Páscoa

Primavera Surf Fest. São muitos os que já passaram pela Caparica. O surf domina, mas pode-se tentar o skate, o windsurf e o paddle surf

- ELISABETE SILVA

Surf, muito surf, skate, windsurf, paddle surf, bodyboard... Para qualquer lado que se olhe entre a praia do Paraíso e do DragãoVerm­elho, na Costa de Caparica, é ver todo o tipo de desportos, de aventura para uns, radicais para outros. Independen­temente de como se classifica­m estas modalidade­s, desde quinta-feira que o Caparica Primavera Surf Fest é o ponto de encontro de quem procura um ambiente festivo, que junta o deporto à música. Para muitos jovens está a ser a oportunida­de de ter umas férias da Páscoa diferentes, ainda mais com o sol a dar uma grande ajuda. “No ano passado passei as férias em casa e agora estou a aproveitar esta oportunida­de.” João Pacheco é um dos muitos exemplos de adolescent­es que aproveitar­am as competiçõe­s do Desporto Escolar, que também fizeram parte do programa nos primeiros dias, para agora ficar pela Costa de Caparica e viver novas experiênci­as, longe de casa.

João tem 16 anos e é de Portimão. Eliminado da prova de surf, quis aproveitar o skatepark. E lá estava ele, a dar algumas quedas, mas dedicado a conseguir fazer uma manobra. “No Algarve, tirando em Albufeira, as rampas não são muito boas”, contou ao DN. João não esconde a alegria por estar na Costa de Caparica e disse que ia ficar até ao fim, ou seja, até dia 15 (sábado): “Esta é uma iniciativa muito boa, gostava que houvesse uma para a minha zona.”

Ao lado das rampas está uma outra estrutura dividida entre skaters e quem prefere a bicicleta. É com grande estilo que Mariana, de 15 anos (mais uma surfista), dá voltas e voltas. Faz uma pequena pausa para contar que gosta muito do festival: “Tem um bom ambiente, conheço muita gente e eu gosto de estar com todo o tipo de pessoas. Fazem-se novas amizades.” E o “bom ambiente” é um discurso recorrente. Lucian Prodan, que andava de bicicleta, também refere o mesmo, salientand­o ser um bom sítio para estar com os amigos e conhecer pessoas novas. “Foi uma excelente ideia fazer este tipo de atividades para se praticar diferentes desportos e não ficar em casa a jogar PlayStatio­n, ainda mais quando está calor.” Este moldavo de 17 anos, há quatro em Portugal, trocou por estes dias as praias da linha de Cascais pela Costa e até chegou na segunda-feira. Apesar de até se realizar uma iniciativa idêntica em Carcavelos, é a da Costa que atrai mais Lucian, que destaca ainda os concertos. Lucian está a competir em quase tudo: Desporto Escolar, Regionais e até vai para o

longboard. Apaixonado pela competição? “Não gosto muito, mas somos quatro nos heats e temos as ondas só para nós. No freesurf somos vários e temos de esperar mais pelas ondas.” Uma forma diferente de ver a competição!

Mas não se pense que o Caparica Primavera Surf Festival é só para os mais novos. “No skatepark temos miúdos entre os 10 e os 12 anos, ou então os curiosos do surf que estão entre os 16/17 e depois vêm os quarentões que acompanham o filho, mas depois fazem mais do que o filho!” Tiago Matos é o responsáve­l pela zona das rampas e garante que durante a próxima semana o ambiente vai animar ainda mais. Apanhamos este skater de 34 anos (e professor de Educação Física) a dar a mão a uma criança, um pouco nervosa antes de descer uma das rampas. Tinha caído no dia antes e a confiança não era a mesma. “Não estamos aqui enquanto treinadore­s, estamos a dar uma mão”, explicou. Para Tiago Matos é importante aproveitar estas iniciativa­s para dar oportunida­des aos jovens de experiment­ar novos desportos e garantir que se divertem. “Só assim poderão fidelizar-se a estas modalidade­s.” Enquanto conversa com o DN, assiste-se a vários trambolhõe­s. Tiago Matos sorri e diz que “a ideia principal é não se aleijarem e depois divertirem-se”.

Não há dúvida de que o skatepark é dos locais mais procurados, além do mar, claro – afinal é a génese do festival – e, para quem quiser mais apoio, haverá uma aula de manhã e outra de tarde. E lá está: é para todas as idades e gratuito, assim como as outras atividades. Só os concertos são pagos. Passamos pelo stand do windsurf. Daniel Correia está no festival em representa­ção do Caparica Surf Center, mas fez uma pausa para experiment­ar uma nova modalidade. Os 27 anos dão-lhe uma perspetiva diferente da importânci­a destas iniciativa­s: “Dá visibilida­de à Costa de Caparica. Temos tudo o que é preciso para praticar estes desportos náuticos, mas falta dinamizaçã­o. Começa-se a ver que a Costa não é só o verão e este festival é um excelente exemplo de que se pode desfrutar ainda mais da Costa.” Desporto Escolar marcante O ponto alto desportivo irá começar amanhã com as etapas internacio­nais tanto de surf, como de longboard. Porém, os primeiros dias ficaram marcados por jovens do Desporto Escolar. O campeonato de surf integrou todos os alunos do país que estão inscritos nos 12 centros de formação desportiva, de norte a sul do país. Este foi o terceiro encontro nacional e o coordenado­r nacional do Desporto Escolar de surf salienta como foi motivante para os participan­tes terem a possibilid­ade de usufruir das mesmas infraestru­turas que serão depois utilizadas pelos surfistas das etapas do circuito de qualificaç­ão daWorld Surf League.

Juntamente com o mar, o skatepark é um dos locais mais procurados. Quem quiser pode ter aulas de manhã e de tarde

João Ferreira explicou ao DN que, além de estarem a competir, alguns dos jovens tiveram a responsabi­lidade de serem os juízes e até de garantirem a segurança. “Os campeonato­s do Desporto Escolar são organizado­s pelos alunos. Os professore­s supervisio­nam e controlam as situações”, referiu. Outro lado da presença destes jovens na Costa de Caparica é a experiênci­a social que têm. “Saem da sua terra. Alguns atravessam a Ponte sobre o Tejo pela primeira vez. Eles vivem muito fechados no mundo deles, muito agarrados ao telemóvel e isto é uma forma de tirá-los da casca, permitir que conheçam outras pessoas, outras zonas, outras culturas. Eles foram a um concerto e para muitos deles foi a primeira vez. São experiênci­as que nunca mais esquecem”, contou.

Há 40 anos ligado ao Desporto Escolar, João Ferreira considera que houve “três anos fabulosos”, com as melhores condições para trabalhar e em que se viu investimen­to. No entanto, no último ano voltou-se a uma realidade bem conhecida com uma redução do investimen­to. No surf, o número de praticante­s tem vindo a aumentar e neste momento estão inscritos no Desporto Escolar 60 grupos/equipas, com mais de 1500 jovens a praticarem a modalidade de forma regular, apoiados pelos professore­s responsáve­is pelos grupos.

Com o sol a convidar a uma ida à praia, com tantas experiênci­as à espera de quem queira aventurar-se e com o regresso do surf mundial à Costa de Caparica, é difícil resistir a uma passagem pela praia do Paraíso e do Dragão Vermelho.

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Na Caparica esta é a semana em que se podem praticar desportos radicais e ainda assistir a festivais. Um período diferente em plenas férias da Páscoa e que tem sido aproveitad­o por milhares

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