Não fiquei nem mais nem menos convencido de que Vitória seja treinador do Benfica na próxima época só porque se soube que ele ia renovar contrato
para outra realidade, porventura menos competitiva mas mais bem remunerada. A ideia foi, sim, dar ao treinador a legitimidade que lhe permita atacar a ponta final desta Liga com a confiança em alta. Porque esta Liga, tal como a anterior, vai ser discutida centímetro a centímetro até final e desta vez, perante a atitude comparativamente mais pacata do FC Porto face ao comportamento do Sporting de há um ano, a necessidade de tocar a reunir leva a um toque a reunir de cariz bem diferente do anterior. Há um ano, o Sporting fez parte do trabalho de que o Benfica precisava para se motivar: o antagonismo permanentemente exponenciado por parte dos responsáveis leoninos (dirigentes e treinador, este com a agravante de ter trocado um clube pelo outro no início da época) levou a que os encarnados se unissem em nome de um instinto de defesa de grupo que os fez superar todos os obstáculos, suportando-se uns aos outros mesmo quando isso parecia mais complicado. Desta vez, da parte do FC Porto, esse antagonismo está onde tem de estar: nas palavras de funcionários que, por terem menos peso na estrutura, não obrigam o clube nem causam a mesma reação no adversário. Nuno Espírito Santo mantém a atitude pacificadora que o leva, por exemplo, a reconhecer a justiça de um penálti marcado contra a sua equipa num clássico que era decisivo. Pinto da Costa pode até juntar-se a Bruno de Carvalho nas queixas contra o Benfica, mas não assume a condução do caso nem a ele se refere na primeira pessoa, também para não espicaçar o adversário. E assim sendo, sem motivos claros de revolta contra a equipa que está no caminho do desejado tetracampeonato, ao Benfica resta encontrar outras formas de abanar o balneário – a renovação de Rui Vitória foi uma delas. Mas na verdade não fiquei nem mais nem menos convencido de que Vitória seja treinador do Benfica na próxima época só porque se soube que ele ia renovar contrato. E a questão é que não creio que o fator decisivo seja sequer a vitória no campeonato.