“São viagens de deboche”
Que leitura de comportamento se pode fazer depois do relato da destruição causada por estes estudantes? Bem, a maior parte deles ainda não tem 18 anos, são menores. Por outro lado, esta é a forma que encontram de extravasar as tensões que têm ao longo de um ano que é muito importante, o 12.º ano é um projeto de vida. Mas o que acaba por acontecer é que estas viagens para o Sul de Espanha são viagens de deboche, destinadas a deixá-los numa excitação permanente. A indústria do turismo também é responsável. Tenho ouvido relatos de miúdos a dizerem que as agências de viagens chegam a colocar sete ou oito alunos num quarto. O que é que os pais destes mil alunos lhes devem dizer, quando eles chegarem a casa? Acredito que muitos virão revoltados por terem sido expulsos. Penso que o melhor será os pais ensinarem-nos a comportarem-se como turistas quando estão noutro país. Mas os pais devem fazer um bom exame da situação e colocarem-se na posição dos espanhóis perante os estragos que os seus filhos causaram. E será de repensar também o tipo de viagens de finalistas que se andam a fazer? Os pais deveriam repensar sim, e arranjar viagens de finalistas com outro cariz, daquelas que ficam na memória dos estudantes. Porque a excitação permanente dos miúdos nestas viagens advém apenas de muito álcool e sexo. Então os pais devem ser duros com os filhos? Não é serem duros ou repressivos mas têm de impor limites. E também terão de funcionar como uma bússola empática com os filhos, tentarem perceber que os jovens se sentem encurralados no 12.º ano, alguns em áreas que não correspondem às suas aspirações, e que depois se desforram com este tipo de comportamentos. As atitudes de beber e fumar demais, seja onde for, são acting out dos jovens e deviam funcionar como avisos sérios para os pais e encarregados de educação.