Diário de Notícias

Hotel queixa-se de finalistas: “Nunca vimos nada assim”

Rasto de destruição num hotel de Torremolin­os resultou na expulsão de mil estudantes portuguese­s. Confederaç­ão de Pais questiona: “Que cidadãos estamos a formar?”

- RUTE COELHO

Faz sentido viagens de finalistas antes do 12.º ano?

Destruíram azulejos, atiraram colchões pelas janelas, esvaziaram extintores nos corredores do hotel e largaram uma televisão dentro de uma banheira. Este terá sido o cenário de destruição deixado no Hotel Pueblo Camino Real, em Torremolin­os, no Sul de Espanha, depois da passagem-furacão de mil estudantes finalistas portuguese­s por ali. Os mil estudantes que foram expulsos em massa de Espanha na sexta-feira e no sábado.

O DN contactou a unidade hoteleira depois de o jornal espanhol El País ter relatado que o hotel nunca tinha visto “nada assim” e que os danos estão estimados pela polícia local em milhares de euros. Da receção do Pueblo Camino Real adiantaram apenas que “na segunda-feira o hotel vai realizar uma conferênci­a de imprensa sobre os incidentes” e que não estava ninguém da direção, naquele momento, para prestar esclarecim­entos adicionais.

Mas o incidente não é inédito, apenas a expulsão em massa o é. Em 2006 aconteceu um episódio da mesma gravidade numa unidade hoteleira em Palma de Maiorca (ver caixa).

Escoltados por uma patrulha da PSP que os foi acompanhar no regresso ao país e por elementos da Polícia Nacional espanhola, mil alunos finalistas portuguesa­s foram expulsos de Benalmáden­a, no Sul de Espanha. A tradiciona­l viagem de finalistas da Páscoa, terminou, para eles, ao segundo dia de estada em Espanha.

“Os primeiros 500 saíram logo na sexta-feira e outros 500 estão hoje a sair. O mau comportame­nto associado ao consumo excessivo de álcool e as incivilida­des nas unidades hoteleiras onde estavam alojados terão ultrapassa­do os limites”, adiantou a comissária Cláudia Andrade, da Direção Nacional da PSP.

A polícia espanhola abriu uma investigaç­ão aos incidentes que poderá resultar em processo-crime para os alunos maiores de idade.

A Confederaç­ão Nacional das Associaçõe­s de Pais (Confap) soube ontem à tarde do incidente de expulsão pelo DN. Jorge Ascenção, presidente da Confap, reagiu com genuína surpresa: “Mas a viagem tinha começado apenas há um dia ou dois!...” A expulsão dos estudantes traz, para o responsáve­l, várias questões. “Os pais têm de pensar nestas viagens, se faz sentido os filhos fazerem viagens de finalistas antes de terminarem o 12.º ano”, sublinhou. “E que cidadãos estamos a formar?”

Ao longo de várias décadas, têm sido conhecidos episódios de desacatos provocados nos hotéis do Sul de Espanha por estudantes portuguese­s alcoolizad­os mas nunca nenhum incidente tinha levado a uma expulsão em massa.

“A viagem é apenas responsabi­lidade das famílias e dos alunos. As escolas não têm responsabi­lidade nisto”, garante Jorge Ascenção. “Ainda que alguns alunos levem professore­s com eles, isso não resolve nada.” “Há que repensar o destino, porque é sempre no Sul de Espanha que acontecem estes desacatos.”

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Estudantes estiveram apenas um dia em Espanha e depois foram expulsos

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