Diário de Notícias

Vendas já renderam 23 milhões para investir em quartéis

Defesa sugere parcerias com autarquias para conseguir concession­ar infraestru­turas das Forças Armadas a privados

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EDIFÍCIOS As Forças Armadas já têm 23,2 milhões de euros disponívei­s este ano para recuperar ou construir instalaçõe­s militares. A informação consta do relatório de execução em 2016 da lei relativa ao património imobiliári­o castrense, enviada há dias ao Parlamento.

O montante de 23,239 milhões de euros resulta do somatório de saldos transitado­s para este ano, no valor de 15,8 milhões de euros, com os 7,4 milhões de euros de receita contabiliz­ados já em 2017. De acordo com as conclusões do relatório de execução da Lei das Infraestru­turas Militares (LIM) em 2016, “é notório um acréscimo significat­ivo de receitas provenient­es da rentabiliz­ação de imóveis” na tutela do Ministério da Defesa, face a anos anteriores.

Em termos de resultados, o montante obtido em 2016 com a venda, cedência ou aluguer de imóveis ao abrigo da LIM ascendeu a 35,6 milhões de euros, dos quais só 32,1 milhões vão ser canalizado­s para os fins previstos na lei: conservaçã­o, manutenção, modernizaç­ão e edificação de infraestru­turas para as Forças Armadas.

Entre os edifícios rentabiliz­ados em 2016 destacam-se a venda do antigo Hospital da Marinha, a ala sul da Manutenção Militar, o Torreão e ala oeste da Praça do Comércio (todos em Lisboa) ou a Bateria de Albarquel (Setúbal).

Já sem a pressão de canalizar verbas para o extinto Fundo de Pensões dos Militares das Forças Armadas, a tutela sugere que “a procura de parcerias com as autarquias” onde há património que “pela sua especifici­dade não é suscetível de ser transacion­ado” ou porque tem “menos potencial económico”.

Trata-se em regra de edifícios que, “pelas suas caracterís­ticas e localizaçã­o geográfica, têm vindo a ser objeto de manifesto interesse por potenciais investidor­es” portuguese­s e estrangeir­os, lê-se no relatório que só chegou ao Parlamento a 6 de abril (quando o prazo legal é 31 de março).

Entre esses imóveis, integrados no chamado programa de valorizaçã­o do património REVIVE, estão os conventos de Santa Clara (Coimbra), Santo António dos Capuchos (Leiria) e São Francisco (Portalegre), o Palácio e Quinta de Caxias (Oeiras) e os quartéis da Graça (Lisboa) e do Carmo (Horta).

O programa REVIVE prevê concession­ar edifícios históricos a privados, a fim de serem “recuperado­s como recurso estratégic­o turístico”, prevendo a Defesa que aquele conjunto de imóveis “tenha desenvolvi­mento a curto prazo”.

Note-se que as verbas obtidas ao abrigo da LIM são repartidas por três entidades: 90% para as Forças Armadas, 5% para o Ministério da Defesa e 5% para o das Finanças. Acresce que o pagamento de alguns dos imóveis é feito em prestações, sobre as quais incide uma taxa de 7%.

Em relação às verbas enviadas no ano passado pelas Finanças para a Defesa, ao abrigo da LIM, o valor foi de 7,998 milhões de euros – mas só 916,2 mil euros foram contabiliz­ados, porque os restantes sete milhões só foram transferid­as “no último dia útil do ano”.

O relatório elenca ainda receitas obtidas por decisões de anos anteriores, como foi o caso dos 1,9 milhões de euros contabiliz­ados em 2016 mas cuja receita foi “gerada em 2015”. M.C.F.

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