Diário de Notícias

Chavistas e oposição testam força a 19 de abril

Governo apela à “defesa da soberania” e opositores convocam “mãe de todas as manifestaç­ões” no feriado da revolução

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ONU pede “a todas as partes” que renunciem à violência

SUSANA SALVADOR A Revolução de 19 de abril de 1810 marcou o início da luta venezuelan­a pela independên­cia de Espanha, que seria oficializa­da a 5 de julho de 1811. Dentro de uma semana, 207 anos depois, será a ocasião para governo e oposição voltarem a testar a sua força nas ruas de Caracas, capital de um país em profunda crise.

Para os chavistas está em causa a “defesa da soberania” face ao que consideram ser interferên­cias externas para desestabil­izar a Venezuela. Para os opositores, que têm repetido os protestos desde que o Supremo Tribunal retirou os poderes à Assembleia Nacional (voltando depois atrás) e que um dos seus líderes, Henrique Capriles, foi declarado inelegível por 15 anos, a “mãe de todas as manifestaç­ões” serve para dizer não à “ditadura” do presidente Nicolás Maduro. Capriles, governador do estado de Miranda, foi o adversário de Hugo Chávez nas presidenci­ais de 2012 e do seu sucessor nas de 2013, após a morte do líder da revolução bolivarian­a.

Os protestos (cinco desde o início de abril) têm sido reprimidos com violência pelas autoridade­s, que têm respondido com gás lacrimogén­eo às pedras atiradas pelos manifestan­tes. EmValencia, terceira maior cidade do país, um jovem de 20 anos morreu num protesto, depois de, segundo a oposição, ter sido atingido a tiro pela polícia. A procurador­ia vai investigar o caso. Pelo menos 134 pessoas estavam ontem detidas, após terem sido presas durante os protestos.

O Alto Comissaria­do das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu ontem ao governo que respeite o direito à manifestaç­ão pacífica e a liberdade de expressão dos seus cidadãos, apelando “a todas as partes” que renunciem à violência. A porta-voz Elizabeth Throssell pediu num comunicado que os manifestan­tes “usem meios pacíficos para fazer ouvir as suas vozes”.

O Partido Socialista Unido daVenezuel­a (PSUV, no poder) criticou as “ações violentas” dos protestos convocados pela Mesa de Unidade Democrátic­a (MUD, que reúne toda a oposição). Elías Jaua, porta-voz da direção nacional do PSUV e ex-vice-presidente do país, anunciou que os chavistas vão marchar em “defesa da soberania” a 19 de abril.

Em Havana, onde na segunda-feira foi pedir apoio aos países da Aliança Bolivarian­a (ALBA), o presidente assegurou enfrentar um “golpe de Estado” dos partidos da oposição que servem “interesses imperialis­tas”, numa referência aos EUA e à Organizaçã­o dos Estados Americanos. O secretário-geral desta organizaçã­o, Luis Almagro, lembrou que “a única saída para a crise política e institucio­nal são as eleições”. A oposição culpa Maduro pela grave crise económica, com uma inflação que em 2016 chegou aos 800%, recessão e escassez de produtos.

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