Diário de Notícias

Ataque ao autocarro do Dortmund. Jogadores em choque e Bartra ferido

Polícia confirmou três explosões junto ao veículo que transporta­va a equipa alemã e Bürki relatou os momentos de terror vividos. Jogo com o Mónaco foi adiado para hoje (17.45) e carta encontrada pode explicar o sucedido

- ISAURA ALMEIDA

“Saímos do hotel e assim que entrámos na rua principal fomos atingidos com grande impacto por uma explosão. Eu estava nas filas de trás, ao lado do Bartra, que foi atingido por estilhaços no braço. Depois da explosão, atirámo-nos todos para o chão. Não sabíamos o que mais poderia acontecer. A polícia foi rápida a chegar e fez um perímetro de segurança. Estamos todos em choque, ninguém pensava que isto poderia suceder minutos antes de um jogo de futebol.” Foi assim que Roman Bürki, o suíço que é colega do português Raphaël Guerreiro no Borussia Dortmund, relatou ao jornal Blick os momentos de pânico vividos no autocarro da equipa alemã que, ontem, foi alvo de um ataque quando seguia para o Estádio Signal Iduna Park, onde deveria ter jogado com o Mónaco – a UEFA adiou para hoje (17.45) a partida dos quartos-de-final da Champions.

O DN tentou contactar Raphaël Guerreiro, mas até ao fecho desta edição não foi possível. No entanto, fonte próxima do jogador garantiu que ele estava bem, embora um pouco “atordoado” com tudo.

No ar permanece a dúvida sobre a origem do ataque, o tipo de artefacto usado para atingir o autocarro e as motivações. No entanto, Gregor Lange, chefe da polícia de Dortmund, adiantou que o ataque tinha como alvo o autocarro da equipa alemã, embora tenha deixado claro que era “prematuro” falar em atentado terrorista.

“Até agora não há nenhuma evidência de que se tenha tratado de um ato terrorista. Por enquanto ainda é encarado como um incidente entre adeptos rivais”, declarou o porta-voz da polícia de Dortmund, GunnarWort­mann, explicando que “foram detonadas três cargas de explosivos” quando o autocarro estava a caminho do estádio e que os vidros estilhaçar­am-se, ferindo o jogador Marc Bartra. E podia ter sido pior se o veículo não tivesse vidros duplos.

A polícia explicou ainda a cronologia dos acontecime­ntos: “Pouco depois das 19.00 registou-me uma explosão próxima do autocarro do Borussia Dortmund. Segundo as informaçõe­s de que dispomos, as rodas do autocarro rebentaram e uma pessoa ficou ferida.”

Depois disso, as autoridade­s decidiram “mobilizar” todas as forças policiais da cidade, recorrendo a drones para verificar a existência de outros engenhos explosivos nas imediações do local onde se deu o incidente e no hotel onde a equipa estava hospedada. Foram encontrado­s “explosivos reais” escondidos num arbusto junto a um parque de estacionam­ento.

Segundo o Ministério Público, foi também encontrada uma carta na zona do ataque, que seria analisada e que poderia reivindica­r a autoria do ataque à equipa de futebol alemã. Treino depois do choque A UEFA decidiu adiar o encontro para hoje (17.45), cerca de 15 minutos antes da hora marcada (19.45) para o início da partida. O Borussia Dortmund-Mónaco joga-se esta tarde sob fortes medidas de segurança. Segundo a imprensa alemã e inglesa, a UEFA decidiu pedir reforço policial para os jogos desta quarta-feira. Além do Dortmund-Mónaco, joga-se também hoje o Bayern Munique-Real Madrid e o At.Madrid-Leicester.

Será que a equipa alemã terá condições para jogar? “O que podemos fazer? Temos de tentar, não há alternativ­a, porque a janela é apertada entre os quartos-de-final e as meias-finais”, defendeu Hans-Joachim Watzke, CEO do clube alemão. Também o presidente do clube, Reinhard Rauball, mostrou-se confiante de que os jogadores vão conseguir superar o choque e jogar: “Pior seria que os autores deste ataque tivessem conseguido o seu propósito.”

As reações do mundo do futebol ao ataque ao autocarro do Borussia Dortmund sucederam-se e Radamel Falcao sossegou os adeptos: “Nós estamos todos bem. Desejo uma rápida recuperaçã­o a Marc Bartra”, escreveu no Twitter, referindo-se ao jogador espanhol que ficou ferido na sequência das explosões e teve de ser operado ao pulso ainda ontem, pois foi atingido com estilhaços do vidro do autocarro.

A solidaried­ade entre os dois clubes foi evidente. Quando se soube do ataque, os adeptos do clube francês saudaram desde logo o clube alemão ainda no estádio, batendo palmas. Um tremendo gesto de fairplay que não ficou sem resposta. Assim que foi anunciado o adiamento da partida, os adeptos do emblema germânico iniciaram um movimento de alojamento solidário para os simpatizan­tes monegascos que se deslocaram à Alemanha para ver o jogo.

Benfica, FC Porto e Sporting fizeram uso das redes sociais para transmitir mensagens de solidaried­ade e apoio ao clube alemão e, em particular, ao jogador Marc Bartra, único ferido no ataque. Tal como a FIFA e a UEFA, que se mostraram preocupado­s com a situação. Hoje, a polícia alemã deverá fornecer mais elementos para explicar este estranho ataque.

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Imagens do autocarro do Borussia alvo do ataque. O veículo sofreu danos, mas vidros duplos evitaram o pior, segundo a polícia. Jogadores voltaram para o hotel a pé e escoltados pela polícia

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