Câmaras no outono; greves na primavera
Greves ameaçadas ou vamos a ver... O aviso pelo menos fica feito: dos ferroviários e dos médicos, do INEM e refinarias da Petrogal, segurança dos aeroportos e cacilheiros... Lá diz o provérbio: “Autárquicas no outono; piquetes sindicais na primavera.” Olhem que não, olhem que não, dirá o PCP, embora com um sorrisinho lisonjeado. O “assim se vê a força do pecepê” andava fusco desde que se é do governo sem o ser. Já havia quem (talvez até no comité central) se interrogasse sobre o papel, se era de embrulho. Para outros, sem câmaras, os prazos não apertam, as legislativas ainda vêm longe. Mas o PCP tem de fazer prova de vida já este ano – e logo este ano do centenário de quando os amanhãs começaram a cantar. Para guardar as câmaras da Margem Sul e Alentejo e talvez mordiscar mais no Algarve, o pilar sindical mexe-se em defesa do outro que resta, o municipal. Não se trata de causas (horários, salários, emprego...), mas da causa: o Partido. É uma questão de propaganda, ou, como dizem os capitalistas, de publicidade. O Partido tem de fazer de conta para contar. Por isso as greves, olhem para elas, são das mais visíveis. Mas ele, pelo menos, tem forças próprias fora do Parlamento – é como aqueles deputados que têm emprego fora da política. Daí o sorrisinho lisonjeado do PCP. Já o BE ainda vai ter de atravessar o deserto da moderação até 2019. É muito tempo a passar só com periódicos suspiros de linha vermelha em Catarina.