Sabe quantas calorias têm os doces da Páscoa?
Nutricionista aceita excessos nas festas, mas não o perpetuar do consumo de açúcar
Cem gramas de um ovo de chocolate têm entre 550 e 600 quilocalorias, uma fatia de folar de grossura média contém aproximadamente 300 e cada amêndoa entre 13 e 39, dependendo da variedade. Como se não bastassem os doces típicos da Páscoa, ainda há uma mesa recheada de outros, como arroz doce, leite-creme ou mousse. Uma tarde inteira à mesa, uma semana a comer o resto das sobremesas.
Os números são revelados pela autora do livro Guerra ao Açúcar, Sónia Marcelo, que aconselha os portugueses a privilegiar “os alimentos típicos da época, com moderação”. Não é apologista de extremismos. “É natural que as pessoas ultrapassem as recomendações nestas datas, mas o ideal é fazer um consumo moderado.” Os excessos, frisa, devem ser deixados precisamente para as épocas festivas. “O meu conselho é declarar guerra ao açúcar sempre”, diz a dietista. Se a festa se prolonga durante dois ou três dias, Sónia Marcelo diz que deve escolher apenas um “para fazer consumo de alimentos ricos em gorduras ou açúcar”. E uma das refeições para estar “mais à vontade”. Mas “não estar de manhã à noite à mesa a comer alimentos açucarados”. A refeição deve começar com uma sopa ou uma salada, “para ficar mais saciado e comer menos do prato principal e das sobremesas”.
Antes dos doces, a fruta. “Há sempre mesas muito fartas de sobremesas – algumas com dez variedades de doces – pelo que se deve escolher duas a três e dirigir o consumo para essas”. Nem é aconselhável repetir, nem tão-pouco experimentar um pouco de cada. “Ao provar um bocadinho de tudo, não se tem noção da quantidade que se come.” A autora do blogue Dicas de uma Dietista desaconselha as bebidas açucaradas e alcoólicas e recomenda o exercício físico. Uma caminhada em família, um jogo com as crianças ou um passeio de bicicleta podem ser uma boa forma de passar o domingo de Páscoa. É aceitável cometer alguns pecados nos dias de festa, mas não perpetuar esses hábitos nem comer os doces como snacks fora das refeições, “porque a absorção acaba por ser maior, uma vez que se consomem de forma isolada”. Não é aconselhável, por isso, passar o resto da semana a comer folar. “Temos de pensar em voltar à rotina normal, aos hábitos saudáveis.” O grande problema, alerta, é “fazer da exceção a regra”. Urgente a guerra ao açúcar De acordo com a Organização Mundial da Saúde, não devem ser ingeridos mais do que 50 gramas de açúcares por dia, mas o ideal é que sejam consumidos apenas 25. “Não é muito difícil atingir essa quantidade. Quem bebe dois ou três cafés por dia com um pacote de açúcar em cada, sem contabilizar os restantes alimentos, já ingere a quantidade máxima recomendada”, indica Sónia Marcelo. Muitas vezes, o consumo abusivo é feito de forma inconsciente. “Quando comemos bolachas, por exemplo. Mesmo as que achamos que são melhores, como as Maria e as digestivas, estão carregadas de açúcar. As barras de cereais, que estão muito na moda, também têm um teor de açúcar muito elevado.”
A fruta, por exemplo, também contém açúcares. “É saudável, porque é rica em vitaminas e minerais, mas, de qualquer forma, um consumo excessivo faz que haja uma ingestão de açúcar acima das recomendações.” A dietista alerta que “há muitos alimentos que têm açúcar escondido”, pelo que “no dia-a-dia acabamos por fazer ingestão superior ao que às vezes pensamos que estamos a fazer”.