A ficção eleitoral
A minha crónica na semana passada sobre a ficção eleitoral estimulou um debate interessante nas redes sociais. De forma alguma entendo que o direito à alienação e ao irrealismo em nome de uma qualquer esperança vã não deva ser respeitado. Acontece que, pessoalmente, não gosto de exercer esse direito, daí que continuarei a defender que os candidatos devem ser forçados a explicar aos eleitores os seus planos de governabilidade antes do ato eleitoral, em vez de tolerar que se possam refugiar em evasivas ou cenários irrealistas (todos vamos ter maioria absoluta, todos vamos ganhar as eleições).
É, no contexto das próximas eleições autárquicas, que fica a minha sugestão de que algum jornal, consórcio de jornais ou mesmo blogger com algum tempo livre faça um registo online para os 308 concelhos (percebo que apenas seja possível para um número mais limitado) com os compromissos já assumidos, ou a serem assumidos nos próximos meses, pelos vários candidatos em termos de cumprirem todo o mandato como presidente ou vereador da oposição (neste caso, acumulando ou não com outros cargos políticos). Seria um serviço público aos eleitores e uma referência transparente para o futuro.
Para ajudar ao começo da lista, deixo a nota que o candidato do PSD na cidade do Porto, Álvaro Almeida, amavelmente me fez chegar: caso não ganhe, assumirá o lugar de vereador na oposição sem pelouro, continuando a sua docência na Universidade do Porto. Mais transparente não pode ser. Ouçamos, pois, os compromissos assumidos pelos restantes candidatos, quer em caso de vitória quer em caso de derrota, nos 308 concelhos.