Diário de Notícias

“Acho que temos condições para sermos o país escolhido”

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Portugal é um dos países candidatos a sede da Agência Europeia do Medicament­o, atualmente instalada em Londres. Rui Ivo, vice-presidente do conselho diretivo do Infarmed, adianta que o governo está a trabalhar intensamen­te para apresentar uma candidatur­a forte e assegurar que tem todas as condições para receber um dos organismos europeus mais importante­s. do medicament­o dos vários países. É importante estar num país em que a relação é boa. Queremos que o processo de mudança tenha o mínimo de impacto, porque é muito importante que o trabalho da EMA seja feito de forma continua. Temos uma equipa de trabalho dos ministério­s da Saúde e dos Negócios Estrangeir­os e Câmara de Lisboa para que possamos ter todos os elementos necessário­s para construir uma excelente candidatur­a, como um sistema de acolhiment­o próprio para funcionári­os e familiares. Lisboa é uma cidade competitiv­a, tem oferta cultural, é cosmopolit­a, tem boa rede de transporte­s, escolas internacio­nais, tem condições para acolher os milhares de peritos que diariament­e estão em contacto com a EMA. como data de referência para o ponto de partida 29 de abril, que é quando o Conselho Europeu dará as guidelines para a negociação do brexit. A Comissão Europeia já disse quais os requisitos que os países têm de cumprir para serem candidatos? Haverá um documento orientador. Terá de ser uma cidade com boas condições de trabalho para os funcionári­os (cerca de 900) e as suas famílias, para acolher a rede de peritos (quatro mil) que mensalment­e se deslocam à agência e que tem cerca de 600 reuniões por ano. Há um trabalho adicional que o Infarmed está a fazer para responder ao brexit.Vamos ter menos um país a participar no sistema de avaliação de medicament­os. Estamos a assumir uma posição muito orientada para sermos uma instituiçã­o contributi­va para o sistema europeu. Queremos dar esse passo adicional: posicionar­mo-nos para responder aos pedidos e captar avaliação que era do Reino Unido. Fizemos um reforço de peritos e estamos a ver quais as áreas de avaliação que possam precisar de ser reforçadas. Somos o quarto Estado membro na avaliação de processos europeus como Estado Membro de Referência, o segundo nos medicament­os órfãos, e o primeiro nos medicament­os pediátrico­s. Quem é a nossa concorrênc­ia? Há muitos concorrent­es. Este é um procedimen­to novo, diferente do processo de instalar de raiz um organismo novo. Neste caso, é uma agência que está em funcioname­nto e que tem de ser reinstalad­a. Quando a agência foi criada ficámos entre os países finalistas.Temos condições para conseguir o mesmo? Acho que temos condições para o país escolhido. Acredito que haverá uma decisão ainda neste ano. Se formos o país escolhido, que impacto económico pode ter? Será um impacto muito significat­ivo. A agência tem um posicionam­ento que a faz relacionar-se com múltiplas áreas. A indústria farmacêuti­ca é a principal, mas existem também todas as áreas científica­s. O facto de termos poucos ensaios clínicos e investigaç­ão não nos deixa numa posição mais frágil? Temos uma comunidade científica de elevada qualidade. Recordo as palavras do ministro da Ciência, que destacou o nosso potencial científico. Temos instituiçõ­es de muito relevo e credíveis. Temos sempre de olhar para um sistema como um conjunto a funcionar em rede. A.M.

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