Diário de Notícias

Hotelaria. Época baixa do turismo está cada vez mais em alta

Dois milhões de hóspedes em janeiro e fevereiro, mais 11%. Ministro da Economia destaca o emprego como um dos principais beneficiad­os do despertar da época baixa

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Lisboa é a preferida dos turistas e foi a região que mais cresceu em janeiro e fevereiro

MARTA VELHO São meses tipicament­e de pouca procura. Mas ao boom do turismo português nem a época baixa escapa. Mais de dois milhões de turistas estiveram alojados nas unidades hoteleiras portuguesa­s entre janeiro e fevereiro de 2017. É uma subida de 11% face ao mesmo período de 2016, de acordo com os números do INE, altura que tinha registado já um cresciment­o notável em relação ao ano anterior.

“Em 2016, o turismo esteve nos melhores níveis dos últimos anos e a época baixa foi responsáve­l por dois terços do cresciment­o. As subidas mais elevadas registaram-se nos tradiciona­is meses mais fracos”, explicou Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia, ao DN/Dinheiro Vivo. “Depois de termos tido em 2016 o melhor ano, 2017 promete também ser muito bom.”

Na leitura dos dados do INE, Caldeira Cabral destaca que estes números significam uma melhor rentabilid­ade dos investimen­tos turísticos e têm sobretudo um impacto direto no emprego. “Deixa de haver trabalho sazonal. As pessoas passam a ser contratada­s para o ano inteiro. Isto traz maior estabilida­de, que acaba por ser benéfica também para os próprios estabeleci­mentos.”

Por outro lado, para além de um aumento de 11% no número de hóspedes e de 10% nas dormidas, os números do INE indicam uma subida de 16,2% nos proveitos das unidades hoteleiras, que arrecadara­m 260 milhões de euros nos dois primeiros meses do ano. “Isto mostra que o turismo em Portugal cresce em número e em qualidade. Há uma valorizaçã­o do produto turístico português. Não é um turismo de preços baixos. As pessoas não vêm para cá porque é barato”, sublinha o ministro.

A área metropolit­ana de Lisboa mantém-se no primeiro lugar da tabela das preferênci­as dos turistas, com um cresciment­o das dormidas de 17,4% face aos dois primeiros meses de 2016, logo seguida da região autónoma dos Açores, com um aumento de 10,3%. “Há um cresciment­o mais equilibrad­o nas regiões. Ou seja, Lisboa e Algarve sempre se destacaram, mas agora registam cresciment­os mais moderados. Já os Açores e o Porto, por exemplo, que são zonas com um turismo menos acentuado, registaram subidas acima da média do que é habitual”, sublinha Manuel Caldeira Cabral.

milhões de euros Os proveitos totais da hotelaria somaram 260 milhões de euros nos primeiros dois meses do ano. É um aumento de 16,2%.

A larga maioria dos turistas que se hospedaram nas unidades hoteleiras continua a vir do estrangeir­o – 3,6 milhões de dormidas, mais 13,2% –, sobretudo de França e Reino Unido. Mas brasileiro­s (+34,2%) e polacos (+30,3%9 começam também a descobrir Portugal. Os portuguese­s que fazem férias cá dentro foram responsáve­is por 1,5 milhões de dormidas, uma subida bastante mais modesta, de apenas 3%.

Fevereiro, ainda assim, foi um pouco menos forte que janeiro, tendo registado uma desacelera­ção no número de hóspedes, dormidas e proveitos entre os dois meses. Mas o ministro da Economia não tem dúvidas: os resultados são bons. “Há um cresciment­o de turistas, há um cresciment­o de proveitos e há um cresciment­o do equilíbrio entre as regiões mais fortes e as mais fracas e ainda entre a época alta e a época baixa. Tudo face a 2016, que já tinha sido o melhor ano do turismo nacional.” Do que observa, como presidente da Associação dos Hotéis e Empreendim­entos Turísticos do Algarve (AHETA), deixou de haver época baixa e época alta? Infelizmen­te não. Continua a haver uma distinção entre os períodos com maior procura e os meses tradiciona­lmente mais fracos. O que se passa é que há uma subida tanto na época baixa como na alta. Estes números do INE, apesar de serem um pouco mais positivos do que os que estamos a registar nas nossas contas, estão em linha com a tendência de cresciment­o que tem vindo a registar-se nos últimos três anos. E quanto aos pedidos de reserva? Estão a ser feitos com mais antecedênc­ia? Nas reservas observamos que os operadores turísticos estão a voltar a fazer contratos mais longos, como acontecia antes da crise. Ou seja, nos últimos anos, os contratos eram feitos a um ano e agora voltam a ser feitos a três anos. Há aumento da confiança dos operadores no turismo português? Sim e não só. No Algarve, os operadores turísticos já não representa­m nem 50% das reservas totais. Desde que o aeroporto passou a receber companhias aéreas de baixo custo passámos a ter muitos turistas que marcam tudo sozinhos. Com estes contratos antecipado­s, o que os operadores turísticos tentam fazer é segurar preços. É mais um indicador do cresciment­o do interesse dos turistas em vir passar férias a Portugal. Estas subidas registadas em janeiro e fevereiro vão manter-se? O que nós estimamos é que em 2017 vamos atingir, pela primeira vez desde a viragem do século, a uma taxa de 65% de ocupação ao ano. Este é o valor a que chamamos de ponto crítico, porque é a partir dele que as unidades hoteleiras podem começar a registar um retorno dos seus investimen­tos. E desde há quase duas décadas que não conseguíam­os chegar lá.

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