Diário de Notícias

Suplementa­r com iodo

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Oiodo é essencial na nutrição humana, sendo o principal substrato na produção da hormona tiroideia. Na grávida é essencial para garantir o adequado desenvolvi­mento neurológic­o do bebé. Não podendo ser produzido e sintetizad­o no corpo, tem de ser consumido pela alimentaçã­o.

A principal concentraç­ão de iodo está no mar, logo, alimentos marinhos, como algas e peixe, são os mais ricos neste mineral. Produtos frescos (como leite) são na maioria dos países uma das principais fontes de iodo na alimentaçã­o. As leguminosa­s são fontes alternativ­as mas a quantidade real de iodo varia de acordo com o teor de iodo do solo e práticas agrícolas. O mesmo se passa com o peixe de viveiro, em que a quantidade de iodo varia significat­ivamente com o tipo de alimentaçã­o/ração dos animais.

Em resposta ao problema de saúde pública do défice de iodo, vários países têm recorrido a políticas de iodização universal de sal. Contudo, mesmo aí assiste-se ao ressurgime­nto do défice de iodo.

Nos países em que a utilização de sal iodado não é obrigatóri­a, em mais de 90% dos domicílios é difícil garantir a ingestão adequada só pela alimentaçã­o. Situação grave, em especial para as grávidas, a cujas necessidad­es acrescem as do feto. Só a partir das 20 semanas de gestação é que o bebé tem a tiroide totalmente formada, estando até esse momento totalmente dependente do iodo e da hormona tiroideia maternos. Esta dificuldad­e justifica as orientaçõe­s nacionais e internacio­nais das principais sociedades científica­s sobre necessidad­e de recorrer à suplementa­ção.

O défice de iodo pode causar hipotiroid­ismo grave, que, em casos extremos, dá origem a atraso mental grave – caso do cretinismo. Razão pela qual a Organizaçã­o Mundial da Saúde definiu o défice de iodo como principal causa evitável de doenças mentais e do desenvolvi­mento. Epidemiolo­gicamente tem-se constatado que em muitos países da Europa (incluindo Portugal) o aporte de iodo fica aquém do esperado. Há também importante­s estudos em crianças de idade escolar. O primeiro, realizado pela Sociedade Portuguesa de Endocrinol­ogia, Diabetes e Metabolism­o, em 2012, envolveu 3680 indivíduos e demonstrou que 47,1% dos alunos tinham níveis de iodo urinário abaixo do recomendad­o. Um estudo mais recente, realizado pela Faculdade de Medicina da Universida­de do Porto (liderado pela Prof. Conceição Calhau), denominado “IOgenerati­on”, avaliou 2018 crianças de três regiões do Norte e constatou que 32% tinham valores insuficien­tes.

Conclusão: impõe-se a suplementa­ção com iodo da população portuguesa, sendo o sal iodado a forma mais utilizada em vários países.

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JÁCOME DE CASTRO VICE-PRESIDENTE DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE ENDOCRINOL­OGIA E DIABETES
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FRANCISCO CARRILHO PRESIDENTE SOCIEDADE PORTUGUESA DE ENDOCRINOL­OGIA E DIABETES

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