Diário de Notícias

Financiame­nto das PME é de uma importânci­a central em qualquer programa que se proponha modernizar, fazer crescer e tornar mais competitiv­o o nosso tecido produtivo

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É à luz deste quadro que a questão do financiame­nto da nossa economia assume uma importânci­a crítica que deve ser avaliada ao longo de dois vectores de actuação: preservar o acesso aos mercados financeiro­s externos em condições de sustentabi­lidade; reorganiza­r o nosso sistema financeiro, de modo a reduzir a extrema dependênci­a do mercado bancário e assegurar o financiame­nto. Deixando de lado o primeiro, considero que o segundo passa sobretudo por desenvolve­r de forma articulada o mercado interno da dívida pública e por diversific­ar fontes e instrument­os de financiame­nto das empresas. O que, por sua vez, depende da implantaçã­o de um adequado enquadrame­nto institucio­nal, regulament­ar, operaciona­l e fiscal. Permaneço mesmo convencido de que esta questão – financiame­nto das PME – é de uma importânci­a central em qualquer programa que se proponha modernizar, fazer crescer e tornar mais competitiv­o o nosso tecido produtivo. Mais do que desenvolve­r um mercado de capitais, especializ­ado na colocação e na negociação de acções deste tipo de empresas – questão de difícil execução no contexto actual devido a bloqueamen­tos conhecidos –, trata-se de colocar à disposição das empresas uma oferta de financiame­nto de médio e longo prazos, capaz de estabiliza­r e de fortalecer as suas estruturas financeira­s. Uma parte deste financiame­nto permitiria – no caso de empresas economicam­ente viáveis – substituir dívida de curto prazo, hoje malparada no balanço dos bancos e deste modo evitar o seu colapso.

O desenvolvi­mento de segmentos de mercado especializ­ados na colocação deste tipo de dívida pressupõe, por outro lado, a utilização de técnicas de notação e de rating que permitam agrupar as empresas por “classes de risco”, condição para a atracção de investidor­es. O que não deixaria de dar um impulso adicional à modernizaç­ão e à procura de ganhos de dimensão por parte de muitas empresas. À Instituiçã­o Financeira – IFD (**) – criada há algum tempo, em articulaçã­o com o Grupo Financeiro Público e outras entidades públicas e privadas interessad­as, deveria ser atribuído um papel central no desenho e no lançamento de um tal programa. (*) Formação bruta de capital fixo (**) Instituiçã­o Financeira de Desenvolvi­mento

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