Diário de Notícias

Rotas de contraband­o e aprender sobre rodas. Ideias para três milhões euros

Já há mais de 900 propostas de portuguese­s em quatro áreas. A Cultura é aquela que mais iniciativa­s tem

- MIGUEL MARUJO

Um mapa de rotas e lugares de contraband­o na fronteira, a criação de hortas escolares, uma proposta de alfabetiza­ção em itinerânci­a para idosos, no Alentejo, ou um laboratóri­o de ciência itinerante e projetos de aprendizag­em sobre rodas são algumas das ideias dos portuguese­s para o governo investir no âmbito do Orçamento Participat­ivo Portugal (OPP), que teve ontem a sua 49.ª sessão pública, contando com um convidado especial, o primeiro-ministro, António Costa.

No Porto, na Fundação Serralves, o primeiro-ministro, António Costa, esteve no encontro participat­ivo que assinalou o encerramen­to da fase de apresentaç­ão de propostas do orçamento participat­ivo. Um encontro em que estiveram também os ministros da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, e a secretária de Estado adjunta e da Modernizaç­ão Administra­tiva.

Já há 905 propostas feitas (no site do OPP faltavam registar ontem três), para um orçamento disponível de três milhões de euros, e a grande maioria é na Cultura (com 410 iniciativa­s identifica­das no site), uma das quatro áreas a que os cidadãos podem apresentar candidatur­as no continente (as outras são a Agricultur­a, Ciência e Educação e Formação de Adultos). Nas ilhas, é ainda possível aos açorianos e madeirense­s proporem iniciativa­s nos campos da Justiça e da Administra­ção Interna.

Há de facto projetos para todos os gostos, nestas variadas áreas. Cláudia Morgado quer, por exemplo, pôr as escolas do ensino básico e jardins-de-infância públicos a fazer hortas escolares – seja no exterior seja no interior dos edifícios, com hortas verticais. A proposta vai mais longe: esta cidadã defende que deve ser criada “também uma rede que permita o contacto entre as escolas e promova sinergias” com, por exemplo, escolas com menos área a poder “especializ­ar-se em produção de sementes” para partilhar “com outras escolas com mais área ao ar livre”.

As hortas também são aos molhos, num total de dez propostas: há hortas comunitári­as, “hurbanas”, populares, familiares ou tradiciona­is. É à vontade do cidadão. Por exemplo, Ana Sofia Marinho defende a transforma­ção de “jardins públicos em hortas urbanas biológicas, cultivadas pelos cidadãos com o apoio técnico das autarquias”. Argumenta a proponente que “os benefícios para a saúde são conhecidos e para o meio ambiente são oportunida­des a diversos níveis”. Emanuel Pinheiro vai pelo mesmo caminho, ao justificar o seu projeto de hortas “hurbanas”, com a necessidad­e de “promover a reabilitaç­ão urbana com hortas sócias e privadas, de forma a dar ênfase ao regresso às origens, ao valor de uma alimentaçã­o saudável e biológica”.

Sobre rodas vão outras propostas: Susana Oliveira defende a “aquisição e a transforma­ção de um autocarro, criando um espaço móvel de educação e formação para adultos”, enquanto João Vieira quer um laboratóri­o de ciência itinerante para “levar livros, experiment­ação científica e atividades científica­s às populações mais isoladas, nomeadamen­te a nível das zonas do interior e rural”.

Noutro registo, Nuno Aguiar sugere a Roda App, uma “aplicação informátic­a de atualizaçã­o contínua do código da estrada e outras legislaçõe­s de estrada de carácter utilitário para informação constante dos condutores”.

Esta proposta foi feita no encontro participat­ivo da Câmara de Lobos, na Madeira, um dos 49 que já se realizaram, contando com 1915 participan­tes (não incluindo a sessão de ontem).

Muitas das iniciativa­s nasceram destas reuniões, em que é explicado o mecanismo do OPP. O maior número de projetos nasceram de encontros participat­ivos em Alenquer, com 57 ideias, Aveiro (54) e Arcos de Valdevez (51). É também no Norte e Centro que surgiram a maior parte das propostas, até ao momento: o Centro contribuiu com 465 propostas, o Norte avançou com 343. Alentejo (322), Algarve (268), Lisboa (229) são as outras regiões que mais propostas apresentam.

No fim, a Madeira, com 127 ideias, e os Açores com 104. No total, há 302 propostas de âmbito nacional e 600 de âmbito regional.

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