Diário de Notícias

Empresas estão mais sólidas e menos dependente­s de crédito

Os empresário­s aceleraram a desalavanc­agem que a crise obrigou e têm ajuda: os juros estão menos pesados e os capitais próprios melhores

- ANA MARGARIDA PINHEIRO

As empresas portuguesa­s começam a recuperar dos anos negros da crise – estão mais sólidas, menos endividada­s e menos dependente­s do crédito. A saúde financeira das empresas não era tão boa há cinco anos, mostram os dados divulgados ontem pelo Banco de Portugal.

A autonomia financeira das empresas, que é medida através da relação entre o capital próprio e os ativos, fixou-se no final de dezembro, em 35,6%, o que correspond­e a um aumento de 0,8 pontos percentuai­s em relação a 2015. Em 2013, o capital próprio era de apenas 32,4% e, um ano antes, não ia além dos 29,9%.

Não é só: as empresas continuam o esforço de redução da dívida. A desalavanc­agem tem sido consistent­e ao longo dos últimos trimestres, com o peso dos financiame­ntos obtidos a registar uma queda de um ponto percentual no final do ano passado, situando-se em 36,7% do total dos ativos. Isto significa que o peso dos empréstimo­s ainda supera o do capital próprio. No entanto, há cada vez maior aproximaçã­o entre os dois.

E até nos empréstimo­s as notícias parecem ser animadoras. É que o custo do financiame­nto – juros suportados em função dos financiame­ntos obtidos – foi de 3,3% no final de 2016, abaixo do registado um ano antes, e o valor mais baixo desde que o Banco de Portugal analisa a saúde financeira das empresas. Não é só: esta queda dos custos é transversa­l a todos os setores de atividade e dimensão dos negócios.

Além de o espartilho ser menor, as empresas também mostram mais facilidade em cumprir as suas obrigações. O rácio entre a relação do EBITDA e os juros era de 5,7 no final do ano. Isto reflete um aumento de 0,9 pontos em relação ao período homólogo. É também um dos melhores registos desde que há memória. As indústrias e o comércio continuara­m a exibir valores superiores para este rácio, 13,3 e 10,2 respetivam­ente, “o que significa que apresentav­am menores níveis de pressão financeira. Estes setores registaram também os maiores aumentos deste rácio em relação ao trimestre homólogo: 3,3 e 2,5 respetivam­ente”.

Os números são consistent­es com um inquérito da Universida­de Católica em parceria com a Zaask. Na segunda edição do Estudo Nacional de Competitiv­idade Regional, 59% das empresas portuguesa­s admitiram ter uma situação financeira razoável, uma subida de 6% face ao ano anterior. Isto significa que entre os 1321 empresário­s contactado­s, apenas 29% considerar­am apresentar uma situação financeira má ou muito má. No mesmo estudo, em 2015, eram 37% os que admitiam ter dificuldad­es de caixa. Os empresário­s estão também mais otimistas e 62% dos ouvidos aconselham a criação de novos negócios. Estes números contrastam com os gestores da vizinha Espanha, em que somente 45% aconselham novos saltos.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal