2018: Ano Europeu do Património Cultural
Por recomendação do Comissão Europeia e resolução do Parlamento Europeu 2018 será consagrado à causa do património cultural. Durante o próximo ano celebraremos o percurso comum que nos marca como europeus, realçando os contributos altamente positivos do património cultural nas mais diversas áreas, sejam socioeconómicas ou ambientais.
Numa reunião preparatória em que participei, em Postdam, em fevereiro de 2015, em representação do governo português, foi vincada a importância urgente de trazer as gerações mais novas para a causa patrimonial, para um entendimento das suas origens e a importância decisiva que o património cultural, no seu todo, apresenta no modelar do nosso futuro.
Por outro lado reforçar-se-á a importância da compreensão do Outro na formação da identidade cultural europeia, seja nas diversas áreas geográficas que constituem o que hoje designamos de Europa, seja nas influências constantes que nos enriqueceram através dos contactos com culturas e civilizações extraeuropeias. Este último aspeto afirma-se como um instrumento maior no combate à intolerância e à xenofobia que atualmente tanto nos assola.
Celebrar o património cultural é reconhecer as identidades próprias de cada nação e o seu contributo para a realidade europeia. O património cultural europeu não é uma massa homogénea, é um património múltiplo e partilhado.
Gostaria de realçar a importância do Ano Europeu do Património Cultural para todos os cidadão europeus, para todos os que escolheram a Europa para viverem ou para aqueles que aqui encontraram refúgio. O património cultural não é propriedade das instituições que o tutelam ou das organizações que com mais ou mesmo protagonismo o promovem e procuram a sua defesa. O património é toda a plurifacetada identidade europeia, de Estado a Estado, nação a nação, região a região, comunidade a comunidade, cidadão a cidadão, nas suas manifestações tangíveis e intangíveis, em que o digital ocupa hoje lugar de destaque. A sua preservação é um combate da nossa identidade, pelo nosso futuro. Não esqueçamos que a atividade cultural que se produz no momento em que se lê este texto transforma-se numa expressão patrimonial quase que imediatamente. Daqui a inutilidade de procurar confrontar o património com a contemporaneidade.
Não são modestos os objetivos do Ano Europeu do Património – mobilizar os cidadãos para agentes ativos da sua preservação e defesa.
Será aqui a grande força do património cultural: a capacidade de aglutinar, mobilizar e inspirar gerações sucessivas. É esta uma das mensagens que o Ano Europeu do Património procurará certamente transmitir.
Apelo às comunidades, associações de defesa do património, instituições culturais e sobretudo aos cidadão que se envolvam e procurem, ao longo de 2018 e nos anos que se seguem, ativamente afirmar a sua identidade cultural, promovendo pontes e ligações com outras regiões e culturas na afirmação da sua imensa capacidade de renovação e de extraordinário fator de desenvolvimento.