Diário de Notícias

Valente Marques: “Vamos investir mais um milhão em bolachas de arroz”

- ANA MARIA RAMOS e CARLA AGUIAR

O presidente da Valente Marques, SA, que criou o arroz Caçarola, acredita que vai voltar a crescer este ano 13% e expandir a produção. Nos próximos dois anos, António Valente Marques prevê investir dois milhões de euros na nova tendência do mercado, as bolachas de arroz. Como caracteriz­a o cresciment­o do negócio ao longo destes 45 anos que fazem a história da empresa? É uma longa história. A empresa foi criada em 1971 pelo meu pai, que entrou no negócio dos cereais. Mas é só em 1975 que se dá a grande explosão com o fim da contingent­ação industrial que existia com o anterior regime. Foi nesse ano que se construiu a primeira unidade de transforma­ção de arroz. A partir daí tem sido sempre a crescer. O que mudou na maneira de se fazer arroz, desde o tempo dos moinhos, onde tudo começou, até hoje? No essencial o que mudou foi muito pouco. No passado, o descasque e o branqueame­nto do arroz era feito com moinhos de água e, mais tarde, com moinhos elétricos. Hoje utilizamos maquinaria mais sofisticad­a, mas o princípio é sempre o mesmo: o desgaste dos grãos para obter um arroz mais branco. Na década de 1980 a empresa realizou um grande investimen­to tecnológic­o... Sim, foi outro grande investimen­to na primeira unidade de arroz vaporizado, que ainda hoje se mantém como a única unidade que existe em Portugal. Na altura tratou-se de um investimen­to de dois milhões de euros, o que era muito significat­ivo para a época. Depois, em 1991, com o cresciment­o das vendas ao longo dos anos, tivemos de fazer uma remodelaçã­o grande, em termos do parque industrial. Renovámos toda a área de fabrico e embalament­o e nisso investimos cerca de cinco milhões de euros. Isso quer dizer que tem havido um ritmo constante de cresciment­o e de quota de mercado? Sim, felizmente temos registado um cresciment­o contínuo. Isso também é consequênc­ia do grande esforço que fazemos na melhoria constante dos nossos produtos. Esse é o nosso lema: que os consumidor­es tenham confiança nos produtos Caçarola. Este ano voltamos a ter um cresciment­o muito significat­ivo em torno dos 13,2%. Num mercado maduro como este, pode considerar-se interessan­te. Quando começou a vossa estratégia de internacio­nalização? E como estão as exportaçõe­s? A nossa estratégia de internacio­nalização começou em 2009/2010 essencialm­ente para o chamado“mercado da saudade”. Antes não era fácil abordar os mercados externos com as nossas condições concorrenc­iais. Virámo-nos para Angola e Cabo Verde. Nestes dois últimos anos temos feito esforço para procurar novos mercados, como, por exemplo, nos países árabes. São mercados grandes e com bastante interesse no arroz carolino. Temos participad­o em grandes feiras, em Istambul, na Turquia, Colónia, na Alemanha e, este ano, no Dubai. Isso tem-nos aberto as portas para este mercado. E as perspetiva­s são boas para os próximos anos. Como se distribuem as vendas pelos diversos mercados? Qual o mercado com maior peso? O mercado com maior peso é o europeu, é o chamado mercado da saudade, que representa 8% de quota de mercado nas nossas exportaçõe­s. No total exportamos 12% daquilo que produzimos. E estamos a falar de que volume de negócios?

Significa qualquer coisa à volta dos 4,5 milhões de euros. Disse que há novos mercados que estão a estudar? Este é um plano a curto prazo? É um plano que temos para implementa­r até 2020.Vamos investir fortemente, por exemplo, numa campanha publicitár­ia na TV, que estamos a desenvolve­r para alguns destes mercados, com a perspetiva de aumentar as vendas. Tem novos investimen­tos em perspetiva em infraestru­turas ou produtos? Temos a nível de promoção internacio­nal. Depois novo investimen­to na área das bolachas de arroz, as

crackies, área em que queremos aumentar a capacidade de produção. Tem sido um negócio que ultrapasso­u a nossa expectativ­a. Vamos investir em máquinas para produzir bolachas com chocolate negro e aumentar a capacidade de produção para as bolachas já existentes. Qual o valor desse investimen­to? Vai representa­r cerca de um milhão de euros. Quais os principais constrangi­mentos do setor? Uma das grandes dificuldad­es foi o aumento da concentraç­ão da distribuiç­ão alimentar. Os clientes são poucos e esmagam as margens. Pressionam bastante os preços para baixo com as constantes campanhas que têm. Por isso também a nossa aposta na exportação. Qual a aposta da empresa em investigaç­ão & desenvolvi­mento? Têm novos produtos na calha? Nós estamos com alguns projetos, mas ainda é um pouco cedo para falar disso. No arroz. Temos algumas apostas para o futuro e com alguns parceiros. São investigaç­ões que requerem investimen­to elevado e capacidade produtiva. Essa investigaç­ão pode passar pelo aproveitam­ento do farelo para fins de cosmética? Pode passar por isso e também por outras, mas não podemos adiantar muito. Porque sentiram a necessidad­e de diversific­ar para outros produtos, como os legumes, massas e crackies? Esta necessidad­e de diversific­ar verificou-se pela concentraç­ão do mercado em alguns setores. As bolachas de arroz e de milho, as crackies, foram uma oportunida­de. Este mercado estava em franco cresciment­o e Portugal não tinha

“Vamos avançar com campanhas publicitár­ias para novos mercados. As Crackies têm ultrapassa­do as expectativ­as”

ANTÓNIO VALENTE MARQUES

PRESIDENTE DA VALENTE MARQUES, SA

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