Diário de Notícias

Protocolos

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Joga todas as semanas no Euromilhõe­s ou aposta no Placard? Ao contrário do que muitos possam imaginar a totalidade das receitas dos jogos sociais da Santa Casa não ficam nos cofres da Misericórd­ia de Lisboa, mas são distribuíd­as por vários ministério­s e servem para apoiar programas de saúde, como o do VIH e hepatites e doenças oncológica­s, e para melhorar as condições de vida de idosos e crianças e ainda combater a violência doméstica. Só em 2015 foram entregues 596 milhões de euros a todos os beneficiár­ios, mais 11,5% do que no ano anterior. Os ministério­s do Trabalho e da Saúde foram os que mais receberam.

A distribuiç­ão das verbas e os beneficiár­ios estão bem definidos por decreto-lei. O Ministério do Trabalho recebe uma fatia de 34,5%, canalizada na quase totalidade para os programas e prestações de ação social. Em 2015, último relatório de contas da Santa Casa da Misericórd­ia de Lisboa, foram 201 milhões de euros canalizado­s sobretudo para melhorar as condições de vida e o acompanham­ento de pessoas idosas e de pessoas com deficiênci­a, a promover o apoio a crianças e jovens, a combater a violência doméstica e a pobreza ou no alargament­o de equipament­os e serviços, como vem expresso no Decreto-Lei 106/2011, que fez a última atualizaçã­o da distribuiç­ão das verbas e dos beneficiár­ios.

Já ao Ministério da Saúde cabe 16,4% das receitas líquidas. Em 2015 traduziu-se em 96 milhões de euros (mais dez milhões do que no ano anterior), que foram repartidos pela Rede Nacional de Cuidados Continuado­s Integrados (50%), as entidades que trabalham na prevenção e tratamento de dependênci­as (33%) e Direção-Geral da Saúde (17%).

Para este ano a distribuiç­ão é um pouco diferente. Os cuidados continuado­s cativam 60% do dinheiro que o ministério vai receber dos jogos sociais, as dependênci­as, em que está incluído o programa de troca de seringas, recebe 25% e a Direção-Geral da Saúde 15%. O encaixe desta última serve para financiar

› A cooperação entre a Santa Casa da Misericórd­ia de Lisboa e os ministério­s do Trabalho e da Saúde vai muito além da distribuiç­ão das verbas dos jogos sociais. Em junho do ano passado, o provedor da Santa Casa, Pedro Santana Lopes, e os ministros Vieira da Silva e Adalberto Campos Fernandes selaram um protocolo para a criação de uma nova unidade de cuidados continuado­s e paliativos em Lisboa no antigo Hospital da Estrela. os vários programas prioritári­os: a maior parte da verba vai para oVIH e hepatites, mas também há percentage­ns adjudicada­s para a oncologia, saúde mental e prevenção da diabetes, entre outras.

Os restantes beneficiár­ios são os ministério­s da Administra­ção Interna (3,7%), Educação (1,5%), Presidênci­a do Conselho de Ministros (13,3%), Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (2,2%), Direção Regional de Juventude e Desporto da Madeira (0,2%), Instituto de Desporto dos Açores (0,2%) e Santa Casa da Misericórd­ia de Lisboa (27,7%, a que soma os valores de prémios caducados e metade do produto das coimas aplicadas por jogo ilegal). Na última atualizaçã­o, com o decreto-lei de outubro de 2011, saiu então da lista o Ministério da Cultura, que recebia 3,5% dos resultados líquidos.

No caso da Misericórd­ia de Lisboa as verbas de 2015 traduziram-se em 162 milhões de euros provenient­es dos resultados líquidos dos jogos, a que se juntaram 9,2 milhões dos prémios caducados e coimas. Há ainda três milhões de euros que foram diretament­e do Totobola para o Centro de Reabilitaç­ão de Alcoitão, como está designado na constituiç­ão do mesmo. Os valores servem para pagar despesas e fazer investimen­tos na ação social e saúde.

Em 2015, por exemplo, a Santa Casa fez um investimen­to de 15 milhões de euros na aquisição do antigo Hospital Militar da Estrela para a construção da maior unidade de cuidados continuado­s e paliativos de Lisboa – a par da área metropolit­ana do Porto, são as duas zonas mais deficitári­as neste tipo de resposta – e na nova unidade do Hospital de Sant’ana (Parede), com um custo de nove milhões de euros.

Em 2016, os portuguese­s estavam a apostar valores recorde nos jogos sociais da Santa Casa. De janeiro a outubro investiram 2 257,5 milhões de euros, mais 498,5 milhões do que nos primeiros dez meses do ano anterior. Pelo que o bolo destinado aos ministério­s será superior ao de 2015.

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