Os 100 metros de Man Kaur, o “milagre de Chandigarh”
Indiana de 101 anos é a sensação nos Jogos Mundiais de veteranos, na Nova Zelândia. Começou a correr aos 93 e já tem 17 ouros
Demorou exatamente um minuto e cinco segundos mais do que Usain Bolt, mas a marca de Man Kaur aos 100 metros não deixa de ser também extraordinária e digna da comparação com o recordista jamaicano, se atendermos a um “pormenor” na sua ficha pessoal: os 101 anos desta indiana que causa sensação nos Jogos Mundiais de veteranos que estão a decorrer em Auckland, na Nova Zelândia.
Apesar de ser a única competidora no seu escalão etário (+ de 100 anos), a mais velha atleta presente nesta espécie de Jogos Olímpicos para maiores de 35 não se poupou a esforços e completou o hectómetro em 74 segundos e 58 centésimos . No fim, teve ainda fôlego para uma animada dança de celebração, já com a medalha ao peito.
O feito de Man Kaur consegue ser ainda mais surpreendente pelo facto de esta indiana nascida em Chandigarh, capital dos estados do Punjabe e de Haryana, no Noroeste do país, só ter começado a praticar atletismo aos... 93 anos, influenciada pelo filho, Gurdev Singh, também ele um atleta veterano com presença assídua neste tipo de competições e que aconselhou a mãe a juntar-se a ele nos treinos (e nas provas) por forma a prolongar a saúde do seu coração – Singh, de 78 anos, está também a competir nos Jogos Mundiais em Auckland.
Apesar do começo tardio, Man Kaur é uma autêntica sensação das pistas nas competições de veteranos, acumulando medalhas a um ritmo próximo ao de Michael Phelps, o recordista de medalhas olímpicas (28). O “milagre de Chandigarh”, como Man Kaur tem sido apelidada pelos media em Auckland, conquistou nestes 100 metros a sua 17.ª medalha de ouro, num currículo que já ultrapassou as duas dezenas de distinções. E melhorou até em sete segundos a marca pessoal que tinha feito no verão passado em Vancouver, durante os Jogos Americanos.
“Enquanto houver vida, vou continuar a correr. Não vou parar”, garantiu a centenária indiana, de espírito jovial, explicando através de intérpretes a receita para uma “vida boa” aos 101 anos: “Correr, cozinhar e ser feliz.” Man Kaur diz que todos os dias treina cinco a seis trajetos curtos em Chandigarh com o filho, Gurdev, e segue uma dieta específica para a competição, que inclui sumo de erva trigo e Kéfir (leite fermentado).
“Ganhar fá-la feliz. Ela gosta de voltar à Índia e mostrar as medalhas todas que ganhou”, revela Gurdev. De sorriso pronto, Man Kaur garante que tem energia para mais. E vai continuar a tentar amealhar mais metais preciosos, em Auckland, competindo ainda nos 200 metros, no peso e no dardo.