Diário de Notícias

Submarino nuclear e senadores na Casa Branca para ameaçar Pyongyang

Estados Unidos continuam a reforçar presença militar na península coreana. Reunião inédita de todo o Senado com responsáve­is da defesa, diplomacia e informaçõe­s hoje na Casa Branca. Tema único: a ameaça de Pyongyang

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ABEL COELHO DE MORAIS Um submarino nuclear dos Estados Unidos, o USS Michigan, chegou ontem ao porto de Busan, na Coreia do Sul, quase ao mesmo tempo do que a Coreia do Norte realizava um exercício militar com fogo real na região costeira de Wonsan, disparando para o mar milhares de tiros de artilharia de longo alcance.

O USS Michigan está equipado com mísseis balísticos e mísseis de alcance médio Tomahawk e chega à Coreia do Sul num momento em que o grupo de combate do porta-aviões USS Carl Vinson está ao largo da península coreana e a Casa Branca anunciou a realização para hoje de uma reunião dos cem membros do Senado com os secretário­s de Estado e da Defesa, Rex Tillerson e Jim Mattis, o diretor dos serviços de informaçõe­s, Dan Coats, e o chefe do Estado-Maior interarmas, general Joseph Dunford. O tema será a Coreia do Norte.

O encontro, considerad­o excecional pelos meios de comunicaçã­o social dos EUA, será seguido de um outro, ainda em preparação, com os membros da Câmara dos Representa­ntes, referiu um porta-voz da Casa Branca citado pela Reuters. O Senado tem especial importânci­a em matérias de política externa e ainda que os presidente­s disponham de instrument­os para contornar as objeções da câmara alta, como sucedeu com Barack Obama, que ordenou operações militares na Líbia à revelia dos senadores, é obviamente preferível ter o seu apoio numa crise com os contornos da que se vive na península coreana.

A realização dos encontros atestam a gravidade da situação na península coreana e a determinaç­ão da administra­ção Donald Trump em fazer frente à Coreia do Norte, tendo o presidente advogado recentemen­te a imposição de “sanções adicionais e mais duras” ao regime de Pyongyang, disse na segunda-feira durante um almoço com os embaixador­es dos cinco membros permanente­s do Conselho de Segurança mais os atuais dez membros rotativos.

Trump tem dito que é “inaceitáve­l” o programa nuclear e de mísseis balísticos de Pyongyang, dizendo que a China, principal aliado da Coreia do Norte, deve envolver-se de forma mais ativa na crise, pressionan­do o regime de Kim Jong-un. O que, de algum modo, Pequim tem feito. Ainda ontem o jornal oficial em inglês China Daily avisava Pyongyang para “não sobrestima­r a sua própria força e subestimar os perigos que está a criar”. Ainda no mesmo jornal pode ler-se que a Coreia do Norte “interpreto­u de forma errada as sanções da ONU, que têm como alvo as suas provocaçõe­s nucleares e com mísseis, e não o seu sistema ou liderança”.

Advertênci­as que Pyongyang insiste em ignorar, mantendo a habitual retórica belicista e apocalípti­ca. A coincidir com a data da fundação das forças armadas da Coreia do Norte, assinalada ontem, além do exercício com fogo real antes referido, o jornal oficial do regime continha um editorial com novas ameaças aos EUA. Pyongyang, lê-se no texto, está pronto a acabar com os estratagem­as e a chantagem nuclear” americana, não havendo “limites para o poder do Exército Popular, dotado de equipament­o militar de última geração, (...) incluindo ogivas nucleares e submarinos com mísseis balísticos”, lê-se no texto.

A Coreia do Norte tem ameaçado atacar os EUA com mísseis balísticos interconti­nentais. Embora subsistam dúvidas sobre a dimensão real da ameaça, esta é real para países próximos como a Coreia do Sul ou o Japão. Só em 2016, realizou 11 disparos de mísseis, a maioria múltiplos, num mínimo de dois e num máximo de dez.

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