Bloco de Esquerda entra nas eleições autárquicas “para disputar a sério”
Catarina Martins apresentou na noite de 24 de abril as candidatas. Líder bloquista diz que é preciso ao BE ter capacidade local
“Como é que concretizamos as mudanças conseguidas pelo Bloco se não tivermos capacidade local?” A pergunta da líder do BE, Catarina Martins, ecoou naquela sala comprida da Rua Machado Santos, na Marinha Grande, na noite de 24 de abril, quando o partido inaugurou o novo espaço e apresentou publicamente Ilda Coelho e Joana Saraiva como candidatas à Câmara e à Assembleia Municipal (AM) da Marinha Grande. Numa terra carregada de simbolismo político, o Bloco conseguiu juntar novos e velhos no desígnio de eleger representantes para os diversos órgãos autárquicos, o que só acontecerá se o Bloco conseguir segurar a votação alcançada nas eleições legislativas, em que arrecadou quase 10% dos votos. Nas autárquicas anteriores, a prestação ficou-se por menos 500 votos, longe dos 1800 das legislati- vas, número que seria suficiente para eleger a professora de guitarra Ilda Coelho como vereadora. Naquela noite, em que o Bloco apresentou a primeira candidatura no distrito de Leiria para estas autárquicas, a sede em tons de azul encheu-se também de esperança. Heitor Sousa, o único deputado eleito na Assembleia da República, acredita que desta vez o partido “vai fazer um bom resultado”. Ilda Coelho, a candidata à câmara, fez-se militante do BE há pouco tempo. Conheceu Catarina Martins durante o governo da coligação PSD-CDS, nas lutas dos professores do ensino artístico, e daí até encabeçar a lista à câmara no concelho onde mora foi um passo. Sob o lema “Um novo sopro para a Marinha Grande e para as suas populações”, aposta que vai ter unhas para tocar esta guitarra. A líder do BE também. Até porque conhece a Marinha muito melhor do que outras terras do país, pois que ali mora a família do marido. “Nos últimos anos encerraram várias empresas e abriram outras, mas a precariedade do trabalho foi o que mais imperou”, afirmou Catarina, completando o que antes dissera Joana Saraiva, candidata à AM: “É largamente publicitado e regozijado por todos os atores locais (autarquia, empresários, representantes políticos) que a Marinha Grande tem uma das mais baixas taxas de desemprego do distrito, mas o que não se percebe é porque é que não há mais sinais indicativos de prosperidade nesta terra.”
Não muito longe dali, o discurso era contrário, no jantar comemorativo do 25 de Abril, em que o PS (que lidera a câmara, atualmente) aplaudia o porta-voz nacional, João Galamba, e a candidata à autarquia, Cidália Ferreira. Na verdade, a disputa eleitoral vai fazer-se muito no feminino, naquele concelho, a contrariar o retrato nacional. Dos cinco candidatos já conhecidos, três são mulheres.