Diário de Notícias

Empresas do PSI 20 poupam 36 milhões com perdão fiscal

Cinco empresas da Bolsa aderiram ao PERES. Pagaram 6% da receita arrecadada pelo fisco

- FILIPE PAIVA CARDOSO

Cinco empresas cotadas na Bolsa portuguesa aproveitar­am o regime excecional de regulariza­ção de dívidas ao fisco e à Segurança Social (PERES) para poupar 35,5 milhões de euros em juros e custas associadas.

A multimilio­nária EDP evitou o pagamento de 19,4 milhões à conta da adesão a este programa, tendo pago 57,34 milhões de euros de uma dívida que, incluindo juros e custas, ascendia a 76,7 milhões. Além da empresa controlada pela China Three Gorges, também a Galp, Corticeira Amorim, Cimpor e Jerónimo Martins aderiram ao PERES – esta última, curiosamen­te, que até assumiu ter “excesso de dinheiro”.

Apesar do programa lançado pelo governo dar acesso a um desconto nos impostos e na Segurança Social, nenhuma das empresas cotadas – nem as restantes aderentes, note-se – são obrigadas a abdicar de qualquer contencios­o que têm em curso contra os contribuin­tes relativame­nte a estas dívidas, pelo que, apesar de já as terem pago, ainda podem recuperar os valores que saldaram perante os contribuin­tes com desconto.

As cinco empresas do PSI 20 saldaram um total de 72 milhões de euros em dívidas acumuladas perante os cofres públicos. Este valor dizia respeito a contencios­os fiscais que incluíam ainda a obrigação de pagamento de mais 35,5 milhões de euros associados a juros e a custas, valores que, através da adesão ao PERES, foram evitados pelas empresas. Este valor representa cerca de 6% do montante total cobrado pelas Finanças com o PERES, que atingiu pouco mais de 1140 milhões de euros.

Já sobre os valores individuai­s pagos por cada empresa, as Finanças lembram que “que não é possível fornecer informação que respeite à situação tributária de contribuin­tes em concreto”.

Tal como já se tinha verificado com o anterior programa de regulariza­ção de dívidas, o RERD, também a nível do PERES foram as empresas que melhor aproveitar­am o perdão fiscal, com o IRC a representa­r mais de metade dos valores regulariza­dos.

O Ministério das Finanças avançou com novos dados sobre o impacto do PERES, procurando desta forma evidenciar que também as pequenas e médias empresas – assim como as famílias – foram muito beneficiad­as com o programa.

“O valor médio de imposto em dívida no universo total dos contribuin­tes aderentes é de cerca de 12 mil euros e o valor médio de imposto por processo abrangido cerca de dois mil euros”, refere, recordando que o programa de redução de dívidas beneficiou um total de 92 898 contribuin­tes.

De acordo com informaçõe­s anteriorme­nte partilhada­s pelas Finanças, o PERES permitiu limpar cerca de 573 mil processos de dívidas fiscais – cada contribuin­te pode ter vários processos –, tendo 60% dos aderentes, perto de 56 mil, decidido optar pelo pagamento em prestações.

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