Os amanhãs de Abril
Sem crescimento, investimento e emprego estão comprometidos os amanhas de Abril. Ontem celebrámos o Dia da Liberdade, o 25 de Abril, o ato heroico de Salgueiro Maia e de outros capitães de Abril, que saíram à rua com armas e canhões mas sem sangue derramar. Só por isso já somos um país muito especial. A revolução portuguesa sem sangue tornou-se num case study a nível mundial.
Tornemo-nos também um case study de resiliência do povo e de capacidade de reinvenção de modelos de negócio, de inovação, empreendedorismo e de crescimento sustentado.
Os amanhãs de Abril precisam de foco nestas áreas para fazer acontecer um país melhor, mais livre e justo. Acredito que só com liberdade financeira (e não com uma dívida brutal) haverá liberdade de pensamento e de expressão, liberdade política e económica e, claro, uma democracia mais forte, que não treme perante os primeiros sinais de populismos e extremismos.
Liberdade não é apenas respeitar o passado e os então jovens capitães de Abril; liberdade é deixar a economia funcionar livremente, é defender um mercado sem protecionismos aos interesses instalados, é colocar em prática um maior apoio às startups e aos projetos inovadores nacionais que ousam criar disrupção e contribuem para que o país dê saltos qualitativos no crescimento.
Saltos exponenciais, que criam uma maior cadeia de valor para todos, potenciando a tão necessária melhor distribuição da riqueza, passam também por um sistema financeiro mais sólido e são, porque o dinheiro da banca é como o sangue que corre nas veias das empresas e que alimenta o coração (a economia em geral).
Estes não são ingredientes simples de uma receita fácil, mas acredito que são ingredientes que ajudam a combater ideias populistas e a enfraquecer nacionalismos perigosos. Sejamos, acima de tudo, patriotas e arregacemos as mangas para trabalhar e lutar pela verdadeira liberdade, hoje e amanhã.
É tempo de pensar mais a médio prazo. Muitos empresários estão preocupados com 2020 por causa do atraso na execução dos fundos comunitários, que são mesmo necessários para estimular o crescimento económico, desde que bem aplicados.
Para citar a famosa canção de Zeca Afonso, “vejam bem” que país queremos semear na próxima década.