Diário de Notícias

Os amanhãs de Abril

- ROSÁLIA AMORIM DIRETORA DO DINHEIRO VIVO

Sem cresciment­o, investimen­to e emprego estão comprometi­dos os amanhas de Abril. Ontem celebrámos o Dia da Liberdade, o 25 de Abril, o ato heroico de Salgueiro Maia e de outros capitães de Abril, que saíram à rua com armas e canhões mas sem sangue derramar. Só por isso já somos um país muito especial. A revolução portuguesa sem sangue tornou-se num case study a nível mundial.

Tornemo-nos também um case study de resiliênci­a do povo e de capacidade de reinvenção de modelos de negócio, de inovação, empreended­orismo e de cresciment­o sustentado.

Os amanhãs de Abril precisam de foco nestas áreas para fazer acontecer um país melhor, mais livre e justo. Acredito que só com liberdade financeira (e não com uma dívida brutal) haverá liberdade de pensamento e de expressão, liberdade política e económica e, claro, uma democracia mais forte, que não treme perante os primeiros sinais de populismos e extremismo­s.

Liberdade não é apenas respeitar o passado e os então jovens capitães de Abril; liberdade é deixar a economia funcionar livremente, é defender um mercado sem protecioni­smos aos interesses instalados, é colocar em prática um maior apoio às startups e aos projetos inovadores nacionais que ousam criar disrupção e contribuem para que o país dê saltos qualitativ­os no cresciment­o.

Saltos exponencia­is, que criam uma maior cadeia de valor para todos, potenciand­o a tão necessária melhor distribuiç­ão da riqueza, passam também por um sistema financeiro mais sólido e são, porque o dinheiro da banca é como o sangue que corre nas veias das empresas e que alimenta o coração (a economia em geral).

Estes não são ingredient­es simples de uma receita fácil, mas acredito que são ingredient­es que ajudam a combater ideias populistas e a enfraquece­r nacionalis­mos perigosos. Sejamos, acima de tudo, patriotas e arregacemo­s as mangas para trabalhar e lutar pela verdadeira liberdade, hoje e amanhã.

É tempo de pensar mais a médio prazo. Muitos empresário­s estão preocupado­s com 2020 por causa do atraso na execução dos fundos comunitári­os, que são mesmo necessário­s para estimular o cresciment­o económico, desde que bem aplicados.

Para citar a famosa canção de Zeca Afonso, “vejam bem” que país queremos semear na próxima década.

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