Visita do Papa com espírito de fraternidade após ataque a igrejas
EGITO Em apenas 27 horas, vai encontrar-se com a comunidade cristã local, com os coptas e representantes muçulmanos
O Papa Francisco inicia hoje uma viagem de dois dias ao Egito, país que neste mês foi palco de atentados contra duas igrejas copta nas cidades de Tanta e de Alexandria, nos quais perderam a vida 45 pessoas. Esta visita surge na sequência de um convite do presidente Abdel Fattah al-Sisi, dos bispos da Igreja Católica, do papa da Igreja ortodoxa, Teodoro II, e do grande imã da Mesquita de Al-Azhar, xeque Ahmed al-Tayeb.
Na mensagem, em vídeo, que o Papa envia ao país que vai visitar, Francisco diz desejar que esta viagem seja “uma mensagem de fraternidade e de reconciliação a todos os filhos de Abraão, de maneira muito particular ao mundo islâmico, no qual o Egito ocupa um lugar destacado”. E espera que também “contribua eficazmente para o diálogo inter-religioso com o mundo islâmico e para o diálogo ecuménico com a venerada e amada Igreja copta ortodoxa”.
Durante as 27 horas que Francisco permanecerá no Egito está previsto um encontro com o líder máximo da Igreja copta, Teodoro II, sendo que viajará na companhia do patriarca ortodoxo de Constantinopla, Bartolomeu.
O Papa afirma ainda desejar “que esta visita seja como um abraço de consolo e de alento e de estima para todos os habitantes do Egito e da região”, sublinhando que o país “precisa de agentes de paz e de pessoas livres e libertadoras, de gente valente que saiba aprender do passado para construir o futuro sem fechar-se em preconceitos”.
Francisco vai deslocar-se num veículo não blindado e, segundo o porta-voz do Vaticano, Greg Burke, as medidas de segurança serão iguais às de outras viagens. A deslocação ao Cairo, adiantou a mesma fonte, tem um triplo significado: pastoral, de encontro com a comunidade católica local; ecuménico, através de reuniões com os cristãos coptas; e inter-religioso, porque prevê encontros com representantes muçulmanos.
Os atentados de dia 9 em duas igrejas coptas em Tanta e Alexandria, reivindicados pelo Estado Islâmico, foram condenados por Francisco. “Que o Senhor converta os corações daqueles que semeiam o terror, a violência e a morte e também o coração daqueles que fabricam e fazem comércio com as armas”, disse então o líder católico. Os cristãos coptas representam cerca de 10% da população do Egito e são, frequentemente, alvo de ataques dos extremistas islâmicos.
Apesar destes ataques, Francisco manteve a visita ao Egito. “O que aconteceu provoca confusão e um grande sofrimento, mas não pode impedir o desenvolvimento da missão de paz do Papa”, declarou Angelo Becciu, número três do Vaticano, a propósito da viagem, ao Corriere della Sera. ANA MEIRELES