Diário de Notícias

Obrigações. Lesados da PT Finance vão processar bancos

Obrigacion­istas e detentores de produtos financeiro­s complexos, com base nos títulos da PT Finance, querem recuperar perdas

- ANA MARCELA

Cerca de noventa pequenos investidor­es detentores de cerca de seis milhões de euros em obrigações da PT Finance vão avançar com ações contra os bancos que venderam aos balcões estes títulos da empresa em processo de recuperaçã­o judicial. Na mira dos pequenos investidor­es está a maioria dos bancos nacionais: Novo Banco, Best, Bankinter (que comprou o Barclays), Deutsche Bank, CGD, BPI, Santander e Millennium bcp. Têm até 14 de junho para interpor as ações. Pedem que os bancos paguem o investimen­to perdido.

“Vamos avançar. Neste instante, cerca de 90 [de um total de 160 representa­dos] deram o OK para avançarmos”, adianta Ricardo Marques Candeias, managing partner da Candeias & Associados, escritório de advogados que representa cerca de 160 pequenos investidor­es que detêm 14 milhões em títulos da PT Finance.

Número de pequenos investidor­es que poderá subir até junho. “A nossa expectativ­a é que todos avancem até 14 de junho”, diz o managing partner do escritório Candeias & Associados.

Entre os pequenos investidor­es estão detentores de obrigações simples da PT Finance, que a 26 de julho do ano passado não foram reembolsad­os do seu investimen­to depois de a PT Finance, que passou a estar no universo da brasileira Oi, ter dado entrada com um processo de recuperaçã­o judicial. Ao todo ficaram por pagar 231,2 milhões de uma emissão de 400 milhões de euros lançada em 2012 através da PT Finance – ainda a empresa fazia parte da Portugal Telecom, então liderada por Zeinal Bava – e vendida aos balcões dos bancos mais relevantes no mercado nacional. Na época, 19 576 pequenos investidor­es subscrever­am esta emissão de obrigações. Apenas parte optou pelo reembolso, quando a PT Finance passou para a Oi.

Mas entre os lesados estão também os detentores de credit linked notes (CNL), produtos financeiro­s complexos que têm os papéis da PT Finance como referência e que com a entrada em recuperaçã­o judicial da companhia viram o seu investimen­to perder o valor, no momento do reembolso, em alguns casos com perdas de mais de 90% do capital investido.

“Por regra, o investimen­to realizado pelos ‘lesados PT’ resultou de informaçõe­s que lhes foram prestadas pelo respetivo gestor de conta. Estes afirmavam ou que não existia risco, ou que o capital era garantido, ou que o produto era PT (quando tinha sido emitido pelo Deutsche Bank ou pela Espírito Santo Internatio­nal )”, descreve Ricardo Marques Candeias.

“Só interpondo uma ação no tribunal é que o lesado poderá evitar a caducidade do direito de arguir o vício que incide sobre o negócio que realizou”, frisa Ricardo Marques Candeias, aconselhan­do que os lesados deem entrada com os processos até 14 de junho.

“Para os detentores de CNL, o objetivo é recuperar 100% do capital investido”, adianta Ricardo Marques Candeias. No caso dos pequenos investidor­es com obrigações emitidas pela PT Finance será feita outra exigência. “Tem de se fazer um pedido ilíquido, porque ainda não se sabe se se recupera alguma coisa da Oi.” Ou seja, pedem que os bancos paguem as perdas que venham a ter com a recuperaçã­o da Oi. Se for aprovado pelos credores da Oi, a braços com uma dívida de 65,4 mil milhões de reais (cerca de 19 mil milhões de euros), o atual plano de recuperaçã­o, os obrigacion­istas da PT Finance arriscam perder cerca de metade do montante em dívida.

Obrigacion­istas detentores de 6 milhões de euros de um total de mais de 200 milhões decidiram processar os bancos

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Parte dos credores subscreveu emissão de obrigações feita sob a liderança de Zeinal Bava

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