Diário de Notícias

Todas as meninas querem ser bailarinas, mesmo as animadas...

Cinema. Zenou e Zeitoun, os produtores de Bailarina à boleia do fulgor da animação

- RUI PEDRO TENDINHA

Yann Zenou e Laurent Zeitoun são os produtores que mais dinheiro têm feito em França. Têm apostado em cinema de qualidade para o grande público. Saiu-lhes a sorte grande com duas comédias: O Quebra-Corações, de Pascal Chaumeill, e Amigos Improvávei­s, de Olivier Nakache e Eric Toledano e depois disso não têm parado. Agora celebram o sucesso da sua primeira animação, Bailarina (em cartaz), de Éric Warin e Eric Summer, um projeto ambicioso que nos leva até à Paris do século XIX onde uma menina órfã tenta a sua sorte como bailarina na Ópera.

Os dois produtores estão orgulhosos do seu “bebé”: “Fizemos este filme porque não somos adultos. Seremos crianças para sempre, nem que seja cá dentro... Mas como qualquer criança precisamos de ouvir histórias contadas pela mamã ou pelo papá. Abordámos o cinema de animação como se fosse uma oportunida­de de podermos contar uma história de adormecer os meninos e as meninas. Bailarina é para as crianças mas também para adultos-crianças como nós. Mas este é um filme também com um tema, um filme que nos ensina a nunca abdicarmos dos nossos sonhos. Estamos em crer que é uma mensagem que também interessa ao público mais adulto... Mas, claro, vai tocar todas as crianças que sonham um dia em serem bailarinas ou bailarinos!”

Bailarina não é um produto de animação meramente pensado para o mercado francês. A aposta desta dupla foi projetá-lo para o mercado global, pô-lo a competir diretament­e com as animações da Pixar, da Disney ou da DreamWorks. Uma escala ambiciosa que na versão americana conseguiu juntar no elenco vocal nomes como Dane DeHaan ou a estrela Elle Fanning. Outra das decisões de Zenou e Zeitoun era fazer um filme de bailado clássico sem música clássica. Laurent Zeitoun é perentório: “A música clássica não era para o nosso filme! Ainda chegámos a tentar mas... não. Ficava algo chato! Como o filme tem uma mensagem muito moderna, era preciso música com emoção dos dias de hoje.” Neste caso, música pop americana de molde juvenil.

No futuro, a dupla vai continuar a apostar sobretudo em comédias de imagem real. Na forja já está Le Sens de La Fête, comédia da dupla Toledo e Nakache (Amigos Improvávei­s e Samba). Cada vez mais, o filão das bilheteira­s em França está na comédia popular. “Uma comédia de imagem real é bastante mais fácil de produzir do que uma animação. Uma animação demora quatro anos, assistimos a muitas mudanças e pode ser um risco enorme”, confessam em uníssono. “Houve muita pesquisa para que o resultado fosse este. Esperámos muito até conseguirm­os este nível de aceleraçõe­s e de aproximaçã­o ao real. O que está aqui em causa é recriar o movimento artístico de uma bailarina. Mas o que vemos no ecrã não é uma tentativa de recriar o real. Quisemos apenas fintar o espectador”, assumem.

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Um filme para crianças e para adultos-criança

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