Diário de Notícias

Suspeito de atropelame­nto de adepto entregou-se e ficou detido

Luís Pina está indiciado por homicídio simples e será hoje presente a um juiz. O advogado do suspeito de ter matado um italiano adepto do Sporting defende que foi um acidente

- CARLOS RODRIGUES LIMA e NUNO FERNANDES

O suspeito de ter atropelado mortalment­e um adepto italiano do Sporting, na madrugada do passado sábado, vai ser hoje presente a um juiz de instrução criminal depois de ontem se ter entregado, na Polícia Judiciária, em Lisboa, onde terá confessado o crime. De acordo com uma fonte da PJ à agência Lusa, Luís Pina, 36 anos, foi detido e indiciado por homicídio simples.

Acompanhad­o pelo advogado Carlos Melo Alves, o adepto do Benfica e elemento dos No Name Boys terá sido aconselhad­o a apresentar-se voluntaria­mente às autoridade­s em vez de correr o risco de ser detido e lhe ser aplicada a prisão preventiva, precisamen­te por perigo de fuga.

Durante a tarde de ontem, o suspeito, conhecido por Tanolas, foi ouvido nas instalaçõe­s da Judiciária, em Lisboa, tendo o Ministério Público (MP) emitido um mandado para a sua detenção e posterior presença a um juiz de instrução. O que quer dizer que o MP pretende que seja aplicada uma medida de coação superior ao termo de identidade e residência.

O advogado Melo Alves defendeu à saída das instalaçõe­s da Polícia Judiciária que se tratou de um acidente. “O meu cliente nunca matou ninguém. É suspeito de crime de homicídio. Vamos ver como será enquadrado. A estratégia é a da verdade. Foi um acidente”, revelou, negando que Luís Pina estivesse em fuga e que o atropelame­nto se deu porque o suspeito estava a fugir de elementos de uma claque leonina.

Na terça-feira, o carro (um Renault Clio) utilizado no atropelame­nto foi encontrado na garagem de uma habitação no concelho da Amadora. O veículo foi rebocado para as instalaçõe­s da PJ para ser sujeito a perícias.

O suspeito terá atropelado mortalment­e Marco Ficini, de 41 anos, na madrugada do passado sábado, dia do jogo entre o Sporting e o Benfica em Alvalade que terminou empatado a um golo. O homem, de nacionalid­ade italiana, era membro da Settebello, uma das maiores claques da Fiorentina, com fortes ligações à Juventude Leonina, e estava em Lisboa precisamen­te para apoiar os leões no dérbi contra o Benfica. Nessa madrugada, e ainda por motivos que estão por apurar, adeptos do Benfica e do Sporting envolveram-se numa rixa nas imediações do Estádio da Luz e foi no seguimento desses confrontos que Marco Ficini morreu atropelado.

O Sporting, logo no próprio dia, manifestou “o mais profundo lamento e repúdio” pela morte do adepto italiano, que tinha ligações ao clube italiano Fiorentina e seria também adepto do Sporting.

O Benfica lamentou também “de forma veemente” a morte do adepto italiano junto ao Estádio da Luz, adiantando que desde a primeira hora esteve em estreita colaboraçã­o com as forças de segurança. Aliás, foi na sequência das imagens das câmaras de vigilância que foi possível chegar ao suspeito.

Ontem, João Paulo Rebelo, secretário de Estado da Juventude e do Desporto, considerou a situação gravíssima. “Não tem nada a ver com o futebol. É um caso de polícia, que está a ser investigad­o. O que aconteceu é um crime. Isto não pode acontecer”, referiu o governante.

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A Juve Leo homenageou o italiano durante o jogo com o Benfica. Em baixo, o momento em que o suspeito se entregou e uma foto de Marco Ficini

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