Diário de Notícias

“Têm a noção de que há milhões de pessoas a passar fome e de que eles terão de fazer alguma coisa se quiserem inverter essa situação”

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come “certo tipo de coisas”. Íris vai a casa porque é vegetarian­a e a escola não tem essa opção no menu. As restantes três amigas comem na cantina. Nos dias em que sobra comida no prato, Mariana pensa que tem de comer tudo na mesma, para não desperdiça­r. Joana acrescenta que desde que fizeram este trabalho, “se a comida não é boa pedimos para porem menos no prato, para não deitarmos tanta comida para o lixo”.

Em casa, todas estão de olho no comportame­nto dos familiares. “O meu pai fazia quantidade­s muito grandes que depois acabavam por ir para o lixo. Nunca dei muita importânci­a, mas depois de ver a perspetiva das pessoas que passam fome, pedi-lhe para fazer um doseamento da comida e ele agora faz doses mais pequenas”, explica Ana Estrela.

Na casa de Íris as refeições em que se junta a família passaram também a ter um momento de partilha de restos. Mariana passou “a comprar no supermerca­do apenas as quantidade­s necessária­s”.

Este é um trabalho que a Fundação Gulbenkian tenta passar nas escolas que participam no EAThink. O objetivo de “incutir algum espírito crítico e alguma capacidade de pensar e de fazer a mudança” foi lançado à Fundação Gulbenkian e depois às escolas e “de repente temos quase dois mil jovens envolvidos no projeto de 14 agrupament­os”, aponta a responsáve­l do projeto da fundação, Mafalda Leónidas.

Um dos focos principais do projeto são as hortas pedagógica­s. Coordenada­s na E.B. 2,3 de Corroios, pelo subdiretor do agrupament­o, Manuel João. A escola já tinha trabalho feito nesta área, mas agora ganhou uma nova horta com ervas aromáticas, tremoços e favas, entre outras culturas. “Além dos clubes direcionad­os, como o dos sabores, entre 15 e 20 alunos têm colaborado sistematic­amente na horta e depois nas aulas de cidadania há também uma série de professore­s envolvidos que se deslocam aqui também com os seus alunos”, aponta o professor. O único entrave para que os alunos não passem aqui tantas horas como gostariam, tem que ver com a forma como o ensino está estruturad­o, acrescenta.

Além das participaç­ões em concursos e da construção de uma horta, a verdade é que os alunos acabam por ganhar consciênci­a dos problemas. “Altera os comportame­ntos nas escolas e junto das famílias, porque cada criança tem uma família por trás e o comportame­nto quando uma criança chega a casa e diz à mãe “guarda no Tupperware para comer amanhã isso, obviamente, acaba por induzir a família toda a fazer a mesma coisa”, elogia Mafalda Leónidas.

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