“Daqui por um ano, haverá maestro novo”
Diretor do Serviço de Música da Fundação Gulbenkian desde 2009, o finlandês Risto Nieminen vai no terceiro ano do seu segundo quinquénio à frente dos destinos da mais importante sala de concertos do país. Com a temporada 2017-18 “resolvida”, a prioridade agora é encontrar um novo maestro titular para a orquestra.
Agora que termina o contrato de Paul McCreesh, que foi de resto um maestro quase ausente, quando se saberá o nome do próximo titular da Orquestra Gulbenkian? O processo de procura está em curso desde há dois anos e a minha expectativa é que se conclua algures ao longo da próxima temporada. Como se processa essa escolha? Bom, há um comité de procura, constituído por mim próprio, por membros da orquestra e por consultores externos. Os potenciais nomeados deverão dirigir a orquestra pelo menos uma vez, mas idealmente mais, e isso é demorado, pois as agendas dos maestros são muito preenchidas e temos de trabalhar com prazos de dois anos. Também por isso, quando o novo titular for nomeado, ele só assumirá o cargo talvez dois anos depois. E no que respeita ao cargo de maestro convidado principal, já que também Susanna Mälkki terminou agora a sua ligação? Aí, primeiro escolhe-se o maestro principal e depois se verá que personalidade faria um bom complemento com ele, nessa fase já com um input do titular designado. Como tem observado a evolução dos públicos da Gulbenkian desde que cá chegou? Tem sido algo de contínuo. Tal como a Fundação mudou nos últimos anos, abrindo-se mais ao exterior, também a programação da música viu novas propostas surgir: concertos ao ar livre e na cidade; os Concertos de Domingo, que têm tido uma ótima adesão; os recitais de câmara por ensembles da orquestra, que têm um público interessado e curioso; e também aumentámos muito os concertos fora de Lisboa: esta temporada, entre coro, orquestra ou ambos, foram 32 os concertos noutras cidades! E a exposição internacional? Nessa área, pensamos estrategicamente, avaliando o que é importante para fazer, pois não vale a pena ir só por ir. Sob esse prisma, foi importante e proveitosa a recente digressão ao Brasil. E sê-lo-á igualmente a nossa estreia na Philharmonie de Paris, em fevereiro próximo. Tenho muita expectativa, pois, como calculará, não é fácil entrar na programação deles! Que vantagens trazem blocos temáticos no seio da temporada? Eles permitem que dentro de uma mesma temática haja diferentes propostas e assim demonstrar como épocas diferentes e tradições musicais diversas podem abordar um mesmo tema de ângulos diferentes, mas sempre com grande qualidade e interesse. Em 2017-18 haverá três estreias absolutas de compositores portugueses. Como está a relação do Serviço de Música com a nova criação nacional? Sim, são obras de Andreia Pinto-Correia, Vasco Mendonça, Luís Antunes Pena e do brasileiro Celso Loureiro Chaves, as duas últimas no âmbito da parceria com a Sinfónica do Estado de São Paulo. Diversamente do que acontecia até aqui, elas integram programas só de música nova ou recente. Também estamos a apoiar Nuno da Rocha no projeto ENOA, dentro de uma tendência de estabelecermos relações mais duradouras com os compositores em início de carreira.
“Na temporada que agora finda, entre coro, orquestra ou os dois juntos, fizemos um total de 32 concertos noutros locais do país”