Sete das dez finais perdidas foram com equipas de menor dimensão
Dos três grandes clubes portugueses, os encarnados foram quem mais vezes deixou fugir a Taça de Portugal na final perante adversários teoricamente mais acessíveis. Sporting e FC Porto só foram derrotados três vezes cada um...
O Benfica chega ao Jamor para tentar a sua 11.ª dobradinha. O Guimarães sonha com a segunda Taça depois de ter ganho às águias em 2013
Quanto teoricamente mais fácil, pior. Esta é a conclusão que se pode tirar em relação às dez finais da Taça de Portugal perdidas pelo Benfica. Isto porque os encarnados foram derrotados em sete dessas partidas por equipas que não o FC Porto e o Sporting, os outros grandes do futebol português.
O V. Guimarães reencontra este domingo no Jamor o Benfica e tem pelos menos dois bons motivos para acreditar. Isto porque na última vez que se encontraram no jogo decisivo, em 2012-13, os minhotos bateram as águias; e ainda porque a história diz que o clube da Luz já facilitou em finais contra equipas teoricamente mais acessíveis, casos do Boavista (2), V. Setúbal (2), Belenenses (1) e Académica (1). Contra o Sporting foi derrotado duas vezes e com o FC Porto uma.
Das 25 taças conquistadas pelo Benfica, 14 foram frente a leões e dragões, o que corresponde a 56% do total dos troféus ganhos, enquanto onze foram frente a outros emblemas, embora em nenhum caso tenha sido ao Vitória de Guimarães, que até venceu a única final que disputou frente aos encarnados – há quatro anos com Rui Vitória como técnico dos minhotos.
Os vimaranenses têm por isso razões para estarem otimistas, embora não tenham um percurso brilhante na Taça de Portugal, pois só chegaram à final em seis ocasiões, tendo perdido as cinco primeiras – duas com o FC Porto e uma com Belenenses, Boavista e Sporting. O confronto com o Benfica em 2012-13 poderá muito bem ter iniciado um novo ciclo para o Vitória, sendo a final deste domingo deci- siva para confirmar a rotura com um passado de desilusões.
O Benfica acaba por ser a exceção a uma regra na história das finais da Taça de Portugal, pois nas 70 vezes que um dos grandes chegou ao jogo decisivo frente a um clube teoricamente de menor dimensão, só por 13 vezes não saiu vencedor, podendo-se assim falar em 26,5% de vencedores surpresa.
O Boavista é o clube que mais vezes esteve nesse papel, tendo vencido duas vezes o Benfica e uma o Sporting e o FC Porto. Já Belenenses, V. Setúbal e Académica venceram duas finais aos grandes, enquanto Leixões, Sp. Braga e V. Guimarães apenas uma. Aliás, os dois últimos só levantaram o troféu nas derradeiras quatro temporadas, à custa de leões e águias, respetivamente. Académica na história Aquela que terá sido a maior surpresa de sempre numa final envolvendo um dos grandes teve como protagonista a Académica, que em 2011-12 derrotou o Sporting, por 1-0, culminando uma época difícil. É que os estudantes só garantiram a permanência na última jornada do campeonato, graças a um triunfo em Guimarães, pelo que poucos sonhariam levantar a Taça no Jamor perante um Sporting, que apesar de um campeonato sofrível (quarto lugar), era favorito para essa partida. Contudo, um golo do extremo Marinho logo aos quatro minutos foi o suficiente para a Briosa conquistar a sua segunda Taça de Portugal, ainda por cima tendo no onze dois jogadores emprestados pelos leões: Cédric e Adrien.
A Académica já tinha sido a protagonista da primeira surpresa numa final, precisamente na primeira edição, disputada no campo das Salésias, em Belém, perante 30 mil espectadores, em que venceram o Benfica por 4-3. Campeão sem vantagem O Benfica vai entrar no Jamor como campeão, procurando garantir a 11.ª dobradinha da sua história. Contudo, é bom ter em consideração que, em cinco ocasiões, o campeão nacional foi impedido de conquistar a dobradinha numa final frente a um adversário fora dos círculo dos três grandes. E, neste caso, o Benfica foi o que mais vezes sofreu essa desilusão: quatro contra uma do FC Porto.
A última vez que as águias foram travadas no objetivo de juntar o campeonato à Taça aconteceu em 2004-05, com Giovanni Trapattoni como treinador. O carrasco foi o V. Setúbal de José Rachão. De resto, os sadinos já tinham estragado a festa encarnada em 1964-65, enquanto o Boavista foi desmancha-prazeres de Benfica (74-75) e FC Porto (91-92).