O herói do Euro 2016 ficou de fora da seleção. E depois? Fernando Santos admitiu que “é constrangedor” deixar o avançado de fora da Taça das Confederações. Chaínho defende escolha
“Quando ninguém acreditava em Eder, quem é que o levou? No último ano, nesta mesma sala, perguntavam-me porque é que eu o tinha convocado?” Esta foi a questão que Fernando Santos pôs ontem em resposta à pergunta sobre as razões que o levaram a deixar o herói do Euro 2016 de fora dos eleitos para a Taça Confederações.
Para o selecionador,“há que fazer escolhas”: “Tive de deixar de fora jogadores que foram campeões europeus, que deram alegrias ao povo português. É sempre constrangedor. Tenho de tomar decisões e assumo a responsabilidade.”
E não foi uma decisão tomada de ânimo leve. “Partimos de um lote muito alargado de 40 jogadores, quatro por posição, depois a lista tem de emagrecer, não cabem todos, compete-me analisar os dados, em relação aos jogadores que estão disponíveis, às competições que existem neste momento. Ao selecionador nacional compete fazer opções, tive oportunidade de transmitir aos jogadores pessoalmente as minhas opções”, explicou, antes de rematar: “Isso não quer dizer que tenha falta de confiança, isso que fique claro!”
A má época do avançado do Lille (sete golos em 37 jogos), o bom desempenho de André Silva na seleção (cinco golos em seis jogos) e no FC Porto (21 golos em 44 jogos), e o facto de, segundo Santos, Portugal “não jogar com ponta-de-lança mas com avançados” contribuiu para a não chamada do jogador que marcou o golo na final do Europeu (1-0) frente à França.
Chaínho, que foi vários anos jogador de Fernando Santos, primeiro no Estrela da Amadora e depois no FC Porto, defende a racionalidade do selecionador neste caso. “Há um ano todos ou quase todos criticaram a escolha e o próprio Eder já confessou que até ele pensava que não ia ao Euro e foi. Não é por ter feito o golo que nos deu o título que vai ser sempre solução... Não acho que se deva fazer um grande filme por ele não ser convocado, é pena... mas atenção, nós associamos o Eder ao golo, mas foi resultado do trabalho de uma equipa”, lembrou o antigo internacional português.
Para quem como Chaínho conhece o engenheiro sabe que, apesar de ter “um coração enorme”, não se deixa levar pelas emoções na hora das decisões: “Sei que ele fica triste com estas decisões que mexem sempre com a emoção dos jogadores, e isso notou-se quando ele disse que falou com o jogador e não o deixou saber pelos jornais. Tenho a certeza de que lhe custou tomar a decisão.”
Chaínho elogiou ainda a frontalidade de Fernando Santos: “Há treinadores que não têm a capacidade que ele tem de tomar decisões e enfrentar os jogadores nas decisões menos boas. O Fernando é uma pessoa muito frontal e disse ao Eder de viva voz que não ia à Taça Confederações e o motivo. E quando assim é o jogador aceita.”
Segundo o médio ex-FC Porto, “o futebol é o momento” e “infelizmente para o Eder a época não lhe correu bem e o André Silva está num bom momento”. Mas Chaínho acredita que o avançado deve estar agora mais preparado para receber estas decisões do que há um ano: “Ele não vai agora, mas ninguém lhe fechou as portas da seleção. Não vai à Confederações mas pode ir ao Mundial 2018...” Sete campeões de fora da lista O guarda-redes Anthony Lopes ficou de fora dos eleitos (ver lista ao lado) para a Taça das Confederações devido a “um assunto grave que só a ele e à sua família diz respeito”, explicou ontem Fernando Santos em conferência de imprensa. O selecionador entendeu a gravidade da situação, aceitou o pedido de dispensa do guarda-redes do Olympique de Lyon e chamou Beto (Sporting) e José Sá (FC Porto).
Além de Eder e Anthony Lopes, há mais cinco campeões europeus ausentes da convocatória: Renato Sanches (ver ao lado), Eduardo,
Vieirinha, Ricardo Carvalho e Rafa Silva.
Santos chamou 24 jogadores e ainda vai ter de emagrecer o grupo e cortar um elemento até dia 7 de junho, quando tiver de enviar a lista final para a FIFA. Para já só quer pensar no particular com Chipre e o jogo com a Letónia de apuramento para o Mundial 2018.
E espera que Cristiano Ronaldo “esteja bem fisicamente” quando se apresentar na seleção e “moralizado” com mais uma Liga dos Campeões: “Se vencer vai chegar ainda com mais moral. Conto com ele e é uma peça fundamental para o jogo com a Letónia.”