Ronaldo acusado de lesar o fisco em 15 milhões
Ministério público vai decidir se há motivo para abrir um processo penal a CR7
Cristiano regularizou a situação fiscal antes da investigação
RUI FRIAS Dias depois da condenação de Lionel Messi a 21 meses de prisão por delitos fiscais, o foco transfere-se agora para Cristiano Ronaldo, que ficou ontem a saber que o fisco espanhol remeteu para o Ministério Público a denúncia sobre a alegada fraude fiscal do internacional português, acusado de ter lesado a Autoridade Tributária em cerca de 15 milhões de euros relativos a direitos de imagem, segundo a agência Europa Press. Cabe à secção de Delitos Económicos do Ministério Público de Madrid aferir se a denúncia do fisco sobre Ronaldo justifica a abertura de um caso penal ou apenas um processo administrativo. Na base da investigação que levou à denúncia do fisco espanhol está, segundo o jornal El País, a ocultação em paraísos fiscais, por parte de Cristiano Ronaldo, dos ingressos relativos a direitos de imagem.
CR7 colocou as receitas dos direitos de imagem em várias empresas das IlhasVirgens desde 2009, quatro meses antes de se tornar jogador do Real Madrid. Quando o fisco espanhol começou a investigar vários jogadores de futebol, o português foi auditado pelos anos 2011, 2012 e 2013. Na declaração de rendimentos de 2014, antes da investigação do fisco, Ronaldo declarou o dinheiro que tinha no estrangeiro e regularizou a situação fiscal. O El País avança que, só nas IlhasVirgens, Ronaldo deverá ter 150 milhões de euros relativos a direitos de imagem.
O sindicato dos técnicos do Ministério das Finanças espanhol (GESTHA) apoiou a queixa da Agência Tributária contra Cristiano Ronaldo e lamentou a demora da Autoridade Tributária para enviar a queixa para o Ministério Público, lembrando que o crime de 2011 prescreve a 1 de julho.
O sindicato revelou ontem que o capitão da seleção portuguesa pode ter incorrido num crime fiscal em 2011 e outros delitos agravados em 2012 e 2013, por alegadamente não ter declarado 600 mil euros. De acordo com o GESTHA, “estes dois delitos preveem penas de prisão de dois a seis anos para cada um deles”, o que implicaria um pedido de pena de prisão mínima de cinco anos, que poderia ser reduzida para metade ou um quarto com uma regularização extraordinária.
“Se o juiz reduzir as penas a um quarto, a pena de prisão total ficaria em 15 meses, pelo que, não existindo antecedentes, poderia haver um acordo para não ser preso”, indicou o sindicato, que acrescenta que os conselheiros fiscais de Ronaldo também deveriam ser investigados.
Ao El Confidencial, a Gestifute, empresa de Jorge Mendes, o agente que gere a carreira de CR7, admite que houve “diferenças de critério de análise” entre a empresa e o fisco espanhol, mas garante: “Estamos tranquilos porque a intenção de Ronaldo nunca foi ocultar nada.”