Diário de Notícias

Os nossos pais não devem depender do voluntaria­do para companhia

- DAVID CHAN

Os chineses valorizam muito a piedade filial, existindo até um ditado que afirma que “a piedade filial é a mais importante das virtudes”. A opinião favorável relativame­nte a alguém utiliza muitas vezes como barómetro a forma como esta trata os seus pais no dia-adia. Caso tenha um contacto frequente e harmonioso com os pais, fazendo todos os possíveis para cuidar do seu bem-estar, o indivíduo será considerad­o um bom exemplo de piedade filial e causará boa impressão entre os amigos e até entre os colegas. É da opinião geral que quem que exerce piedade filial é com certeza uma pessoa íntegra e honesta que merece a nossa atenção e confiança. Atualmente, chegados ao século XXI, embora não tenhamos ainda alcançado uma situação em que seja fornecido o cuidado devido a todos aqueles que dele necessitam, também não surgirão situações semelhante­s à de Dong Yong, que se tornou escravo para pagar o funeral do pai, ou de Guo Ju, que tentou enterrar o filho para poder cuidar da mãe . Contudo, com as mudanças na sociedade, também a piedade filial sofreu alterações. Citando duas frases de Confúcio: “A piedade filial começa com o serviço aos pais, continua com o serviço ao mestre e termina com o cultivo pessoal”; “A piedade filial é a base de toda a virtude”. Desta forma, a piedade filial para com os pais faz parte do cultivo da virtude pessoal, ela parte do coração de cada um e não deve ser afetada pelas mudanças na sociedade. A situação económica de Macau nos últimos anos não tem sido má, e por isso os sacrifício­s materiais não deverão ser algo difícil de concretiza­r. Contudo, aquilo de que os pais mais idosos e debilitado­s necessitam é sobretudo do carinho e da atenção dos filhos. Olhando para a maioria dos lares de idosos e para os parques onde estes pais e mães apreciam as flores e a paisagem, é possível verificar que a maioria está sozinha, não tem ao seu lado um filho ou uma filha para os acompanhar. Ao avistarem alguém levando pela mão uma criança é imediato o seu sorriso, e, da mesma forma, ao verem alguém a acompanhar um familiar idoso, a sua atenção é tomada pela admiração, seguindo-os com os olhos até a distância os separar, altura em que regressam ao seu estado de solidão. Este tipo de situação é sobretudo frequente em alguns parques e zonas de lazer. Como filhos, devemos dedicar mais tempo para estar com os nossos pais, e não devemos deixar esta tarefa a voluntário­s. Para estes pais idosos, os voluntário­s são, quando muito, bons amigos, e nem mesmo o melhor dos voluntário­s se pode comparar a um filho.

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